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terça-feira, 20 de novembro de 2018

DIA DE PRETO

Todo dia era dia de preto.
Todo dia era dia de preto.

Oxóssi, Oxóssi!
Oxóssi, Oxóssi!

Todo dia era dia de preto
Todo dia era dia de preto.

Oxóssi, Oxóssi!
Oxóssi, Oxóssi

Depois que alguns  homens aqui chegaram,
E dominaram as terras brasileiras,

Voltaram a Africa e capturaram  outros homens.
Homens pretos, laçados como animais.
Homens pretos, centenas, milhares, milhões.

E quando digo homem, digo homem, menino e mulher.

E quando digo homem, homem escravo, menino escravo e escrava mulher.

Para fazer aquilo que o homem branco queria.

Para fazer aquilo que o homem branco não fazia.

Dois milhões de pretos,
Escravos tristes
da África para Terra Brasilis.
Para cá vieram , dentro de grandes navios.

E lá pretos morriam, pretos nasciam.

Eu também morria no navio eu também nascia.

E eu dizia:
Oxóssi, Oxóssi!
Oxóssi, Oxóssi

O preto chorava:
Oxóssi, Oxóssi!
Oxóssi, Oxóssi

E naquele tempo,  todo dia era dia de preto.
Todo dia era dia de preto.

E agora deram a eles 
O dia vinte de Novembro.
Mas agora me deram de pechincha o dia vinte de Novembro.

Amantes da natureza, do trabalho e da liberdade
Eram homens de paz mesmo sendo  escravos comercializados.

Sempre souberam de sua consciência.

De amar a familia, o trabalho, a floresta e Oxossi.

De amar a familia, o trabalho, a floresta e Oxossi.

E em sua história ,
o  preto
É  exemplo puro e perfeito.

Próximo da harmonia
Da fraternidade e da alegria

Da alegria de viver!
Da alegria de viver!

E no entanto, hoje
O seu canto triste;

É o lamento de uma raça que nunca foi muito feliz
Pois antigamente e hoje

Todo dia era dia de preto
Todo dia era dia de preto

Só por causa do preto
A riqueza acontecia
Pois o seu trabalho era duro, suado e silencioso.
E ainda hoje muito preto continua escravo.

E também muito branco que o escravizava é escravo de branco e escravo do preto.
Muito preto escraviza preto.

Mas quem ensinou o que é escravidão?

Quem ensinou, o que é escravidão?

Eles multiplicaram e criaram a raça da Terra Brasilis.

De dois milhões , fizeram duzentos milhões.

De dois milhões , fizeram duzentos milhões.

 E agora deram a eles um dia no calendário, para ficarem felizes,  cantarem e sambarem.

E fazerem palestras, oficinas e seminários, lembrando do dia em tinham todos os dias do ano.

Pois todo dia era dia de preto.

Todo dia ainda é dia de preto.

O navio que vinha, para a África não voltava.

Trazia preto amarrado, preso e amordaçado,
era vendido  em praça pública, para todo mundo ver.

Oxóssi, Oxóssi!
Oxóssi, Oxóssi

Eles olhavam os dentes dos pretos amarrados.
Eles compravam o corpo do preto amarrado.

Mas eles não compravam a sua consciência.

E a consciência do preto era todo dia.

A consciência do preto , do branco e do amarelo é todo dia.

Eu falo do preto porque é sua história que está sendo contada.

Em um só dia!
Em um só dia!

A lei é de um dia!
Dia vinte de Novembro.

Eles estão por aí,
Nos barracos escuros, cadeias e favelas ou como empregados nos filmes e nas novelas.

Não adianta querer sair da realidade. O preto era ouro, o preto era escravo. O preto brasileiro, é essa a sua raiz.

Eu também sou preto, meu dia era todo dia.
Eu também sou preto, meu dia é todo dia.

Os navios negreiros são trens e ônibus lotados. Milhões de pretos em todas cidades.

O pardo é preto.
O moreno é preto.
O escurinho é preto.
Até o branco é preto.

Todo dia, era dia de preto
Todo dia, ainda é dia de preto.

Oxóssi, Oxossi!
Oxóssi, Oxóssi!

Todo dia ainda é dia de preto.

( Olinto Vieira, 20 de Novembro de 2018)

Inspirado na letra "TODO dia era dia de Índio,ver Jorge Benjor)

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Estrada em mim

Nesse mundo tão escuro, já existem tantos muros,  poucas pontes para nos ligar.

 No meu peito eu encontro, uma fonte, um horizonte,   um amor que não vai se apagar. 

 A imensidão do tempo,  me mostra que aqui dentro, 
quero ser pleno de paz.

Campos, planícies,  desertos, 
pés firmes , olhos abertos, o que é meu sempre  me satisfaz.  

 Atravesso os sete mares, Entoando o meu canto,  na fé de todos Altares, encontro meu acalanto.

Aqui estou,  caminhante; sou plebeu e sou infante,  e também navegador .

A estrada me fez forte, o Sol é meu companheiro.
 Na noite  não temo a morte,  o céu é o meu Luzeiro.  

Por seguir um guia cego, já entrei em um desvio, pisando entre espinhos.

 Hoje sou meu comandante e Deus me deu o bastante, sei que não estou sozinho.

Fecho os olhos e assim, compreendo que a mim, 
só cabe o  meu compasso.

E mostrei pra quem quis ver , a diferença sutil entre o tiro e o abraço.

O Universo é  meu lar, com estrelas vou morar,  nasci da primeira flor.

Da terra eu sou o sal, e entre o bem e o mal, o meu norte é o Amor.

( Olinto Campos Vieira)

domingo, 11 de novembro de 2018

O que vc pensaria próximo do ponto final?

Nos minutos finais, encerrando a jornada,   sentindo a proximidade súbita da chegada no ponto final,  não se lembrou da última refeição,  de quanto tem no banco, da prestação do carro, do material escolar distribuído pelas autoridades nem do nome do último ou do próximo governante nacional, muito menos daquela eleição 'importantíssima', ou da senha da sua rede social,  das mensagens proibidas no celular. Não se lembrou do tempo perdido na discussão política acirrada nem da superdimensão  dedicada a isso. Queria desesperadamente  chamar o amigo ou o filho ou a mulher ou o pai ou o irmão ou a mãe para dizer palavras que deveria dizer e não disse; sentiu ansiosanente naquele momento que não  conseguiria fazê-lo. Na cabeça, turbilhão de pensamentos e naquele momento, o que importava muito, muito, era o tempo, tempo, tempo, temp, tem, te, t, ...

( Olinto Vieira11/11/2018)

sábado, 3 de novembro de 2018

Em "modo avião"

Cada vez mais carente de autenticidade, o mundo limitou-se a exigir perguntas objetivas para respostas fáceis.

 Ha pouco tempo as orelhas de livros eram o refúgio da intelectualidade de congressos e seminários.

 Hoje,  os novos profetas sucumbiram ao brilho das telas, que cada vez  mais alimentam a superficialidade das redes sociais em reclusão.

Eles estão por aí, em todos os âmbitos, repelindo ferozmente o glúten cerebral para cultivar a silhueta esguia, ensinando a manter um corpo são, a todo custo.

Mas não adianta um corpo atlético passar a vida carregando uma alma desnutrida e uma consciência míope.
 
Há vigilantes na espreita,   ocupados com a verdade material, visualizando apenas a ponta do iceberg. Estão com a cabeça pouco acima da superfície, o suficiente para respirar.

 Enquanto isso, a verdade real se espreme debaixo dos tapetes, sabendo que é muito maior do que o esconderijo que a colocaram.

 Se as lentes de contato obstruem a visão do que precisa ser visto, o olho que não se deixa aprisionar, a tudo vê;  de tão silencioso e preciso, mesmo quem sabe que ele não falha, pode se perder com sua quietude.

Há uma lógica que nao passa pelo racional dos que sofrem com a predominância aparente do obscuro.

A impaciência ansiosa dos que sofrem, não os deixa ver que há algo cristalino em axiomas.

 "Tudo passa", "Nada acontece por acaso", "É questão de tempo".

 É isso mesmo. O óbvio não é desinteligente como parece. Longe disso.

 Mas há um bloqueio inconsciente da simplicidade.

 O modo mais fácil apoderou-se de coraçoes e mentes.

 Se há facilidade de comunicaçao, mandamos sinais de fumaça.

 Se tudo pode ser mais facil, escrevemos cartas expondo a caligrafia torta.

Havendo mais facilidade, enviamos telegramas de minimas palavras .

E como tudo se " aprimora", mandamos e-mails curtos, pois objetividade é o que interessa.

 Com mais rapidez, encaminhamos mensagens de texto.

 E para não haver exposiçao da escrita, realçando ainda mais a predominância da aparência, gravamos áudios que sobrevivem poucos minutos.


Porém, há ainda esperança de que as correntes dos rótulos que oprimem, se rompam de vez, dando lugar a um estado natural de compreensão, sem amarras.

Será quando o observador ampliará seu leque, celebrando a vitória da essência   sobre o momentâneo.

E nao será necessário adivinhar sobre qual assunto estará sendo falado pois tudo será transparente e todos estaremos nus.

Olinto Campos Vieira, 02 de Novembro de 2018.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Poema é terno

Um poeta fabricado à força, se conhece logo. É exageradamente doce e escancaradamente falso.

 Sonha, antes de escrever, com a noite de autógrafos do livro publicado.

 Escreve rimas com dor e procura palavras sem amor, fazendo sangrar o lirismo.

Rima com rima, sem sentimento de ser passageiro e eterno e sim momentâneo, conjuntural e raso.

 Poema nao precisa ser entendido, exato, linear e chato.

 Poema é a organização da desordem do sentido mais puro e humano, como uma criança em uma fábrica de cores.

 Um poeta fabricado procura o exato na poesia e nos louvores de serenata.

 E espera ser decifrado o que nao precisa fazer sentido.

Ou o que faz sentido apenas com o coraçao e olhos marejados.

Descreve o que nao entende com a sensibilidade de um bêbado abstêmio ( eles existem!), que não sigo.

Faz que conhece o mundo que habita no seu própio umbigo. Tem no umbigo o seu calabouço"

( OCV)

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

NÃO ESTÁ SENDO FÁCIL

-Eu não estou vendo isso, Ray. Diga que não estou vendo. Preciso ouvir de você! ( Stevie Wonder)

- É verdade sim, Stevie. Posso afirmar com toda certeza; eu e o Jose Feliciano também sentimos isso. (Ray Charles)

- É muita falta de visão! Cegueira completa, amigos. ( Jose Feliciano)

-Temos que ver tudo isso com os olhos do coração, para entender esse astigmatismo gigantesto e contagioso. ( Andrea Bocceli)

-De todos nós, eu posso dizer algo com conhecimento de causa:  Não está sendo fácil, não esta sendo fácil viver assim.( Kátia)

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Fissura

-  Então você continua com os mesmos sintomas, a mesma agitaçao de antes?

- Sim, doutor !  Não sei mais o que fazer.  É um tormento! Eu penso só sobre aquele assunto o dia inteiro. No trabalho eu não consigo me concentrar, o pensamento fica desfocado. Ontem eu até esqueci o nome dos meus filhos.

- Preocupante. E os medicamentos que eu te passei?

-Não resolve. Remédio não resolve.  Vou aumentando a dosagem e não sinto nada. Talvez um ansiolítico mais potente, um sossega leão?!

- Vamos ver. Pelo menos parou de discutir nas redes sociais?

 -Dr, quando deixo as redes sociais, começo a brigar na rua. Outro dia no trânsito eu sai do carro e procurei briga com um homem porque vi um adesivo no carro dele! Quase levei um tiro!

- Isso é grave.  Melhor voltar para as redes sociais então. 

- Dr, não sei mais o que fazer. Minha mulher já esta com medo de dormir comigo, por causa do sono agitado. Grito o nome do adversário,  ofendo seus simpatizantes,  é uma tortura!

-Escute, Antônio, você precisa entender que o fanatismo esta te dominando. Você não fala de outro assunto, esta ficando chatíssimo. Entrei em sua página; todas as postagens são sobre o mesmo assunto!

- Eu sei dr, agora eu percebo isso. Preciso me curar. Quem sabe algum remédio mais forte?

- Esquece!  Não irei passar mais remédios. Vou recomendar uma clínica de repouso até você controlar essa sua fissura por futebol.

A OBRA

Trabalho e preguiça, preguiça e trabalho.

Preguiça é passar pelo mundo, fazendo.

Os mais preguiçosos são os que mais fazem;
A qualquer hora do dia e da noite, eles fazem.

Em momentos inimagináveis, fazem.

Um preguiçoso não se contém, produz o que mais povoa o mundo.

O preguiçoso é exaustivo quando encontra a fórmula estática que o impede de buscar algo produtivo.

Eles fazem tudo por dinheiro, cobram caro pela obra.

A preguiça faz do gênio, um mero "fazedor".

Mas um homem de verdade sabe bem o que é o seu trabalho. 

 " E sem o seu trabalho, o homem não tem honra."

E chamo de homem quem vive a vida fazendo o bem.

Quando faz o mal, se sufoca, quase morre;
não se contenta enquanto não se redime;
Redenção consigo mesmo, pois o homem mesmo chora a dor.

Homem mesmo sabe quando errou.

Já os preguiçosos se sentem certos e são indiferentes a qualquer ideia que os faça pensar.

A sua obra surge do  grande volume de conhecimento que eles desprezam.

 Não param de trabalhar a obra tenebrosa e fétida,
insignificante e de vida curta.

Trabalham até espumar os cantos da boca.
Trabalham até suar as têmporas.
Trabalham lendo bulas de remédio ou rótulos de desinfetante.

O habito de produzir já os consumiu e quando menos se espera, lá estão eles na labuta!

Com o cérebro solto, fazem duas, três, quatro vezes por dia, com facilidade.

Gemendo ou silenciosos,
urrando de prazer, alívio e felicidade, olhando sempre para o chão.

O chão. Estão no chão, depositam tudo no chão.

E enquanto fazem, não pensam senão naquilo.

Concentrados, animados, vantajosos, soberbamente eufóricos com o tamanho do que fazem!

Orgulhosamente, olham a obra, gostam do que vêem e consigo ouvir o que  dizem, os preguiçosos:

Eu fiz! Fiz! Sim, fiz! É meu! Só meu!

Somente aí, e mesmo assim com apêgo,  libertam a obra que, rodopiando no redemoinho aquático , escorrega, dançando e viajando  cano baixo.

E logo então, saem por ai a produzir mais.
Empoderam mentes sem temperança de súditos em transe, mais preguiçosos ainda.

Na realidade, ali nao há líderes.

 Todos são prisioneiros de uma inteligência rançosa.

formam legiões, fazem guerras,
estão destinados a história de pequenos mundos transitórios.

Cantarolam sem parar musicas sem sentido com palavras de efeito menor.

Eles não se cansam de esperar a próxima tragédia, particular ou pública, pois já são acostumados ao caos interno.

Paz de cemitério, cegos no dicionário, elefantes no relicário.

Procurando escândalos  no depósito de lixo, confundem pesadelo com realidade e alardeiam sobre si mesmos, histórias que nunca viveram,
livros que nunca leram, filmes que nunca viram.

Dormem sempre cedo e sonham com o cotidiano tedioso da ignorância.

Vivem do aluguel irrisório  de seus inquilinos perpétuos; se especializaram em  hospedagem parasitária e os trata magnificamente bem . Se sentem até devedores.

 Homem de verdade não precisa buscar
na memoria a verdade que viveu. Ela esta lá.

Assim não precisa repetir mentalmente quem ele é como o preguiçoso suado que tenta decorar a historia que conta,
no interesse de manter a mentira como verdade.

o homem de verdade versa sobre si na prática do bem;

o preguiçoso versa sobre a prática do bem do outro, querendo traduzí-la para o mal, ignorantemente.

Ele e sua obra são iguais, e até mesmo aprecia o bafio que exala e permanece.

Alavancas de um mundo obtuso, os preguiçosos são atuantes na lida retardatária e depositam suas esperanças no fundo do abismo,  querendo nos obrigar a buscá-las.

Que  desçam cada um e tomem posse delas. Nada meu há ali, além de um pedido de socorro para eles:

Piedade,  piedade, piedade!

(Olinto e Lincoln Campos Vieira)

domingo, 14 de outubro de 2018

O figo que não amadurece

Carregava em mim,  até pouco tempo, histórias recentes que não queria lembrar. Mas se estavam  em mim, invariavelmente  vinham à tona, e a memória me calava  o peito, que em um movimento sincronizado, enchia meus olhos , invadia meu rosto, escorria em mim. Uma pequena convulsão solitária de momentos que não desejava  lembrar, que não queria ter vivido. Porém, por mais que relutasse,  como um visgo teimoso, estavam lá, em um pequeno baú da memória, instantes de noites inteiras, dias inteiros de suspense e medo de algo acontecer.  Indagaçoes confusas que nunca encontraram eco, perguntas sem resposta, " por que isso agora, nesse momento?" "Por que eu conquistei para perder?". "Por que , por que?" E eu, desde menino, solitário e de poucas palavras, que aprendeu a trabalhar minha própria companhia e sentimento, com o olhar no horizonte,  muitas vezes sem esperança nem tristeza por isso. Apenas com uma conformaçao descabida de não visualizar ou não me achar ou não me sentir merecedor de muita coisa. Um menino que se transformou em homem cedo demais. Um pequeno escritor de poemas do fundo da alma. Um pequeno desenhista sonhador .Um escritor de poemas rasgados, centenas deles.  Um leitor de acontecinentos que não tinha certeza da vivência.  Uma ansiedade  na alma de que uma vida é pouco demais. Um observador das pessoas,  do próprio coração,  que sem explicação sempre foi acelerado.  Traduzi meu caminhar,  e em alguns momentos me doeu os passos pausados, lentos, indecisos. Era o medo, que agigantei um dia, de nada fazer sentido. Um receio de meu nome transferir para minha vida o seu significado real,  um figo que não amadureceu. Recebi, e pensei ser tardiamente, deveres que pensei não ser para mim. Porém, nada foi tardio. Foi o tempo certo para eu saber receber, dar e ficar de alguma forma na vida de alguem. Eu precisava ficar, não do verbo estacionar, mas de permanecer e continuar caminhando, cumprindo a cada dia,  aquilo que nunca imaginei ter força. Precisei da lembrança dos momentos de solidão para saber lidar com ela. E naquela noite em que foi arrancado de mim o que de mais rico consegui erguer, o que jamais pensei em ter, o que de mais sagrado uma árvore tem,  chorei lágrimas de fogo, como lava de um vulcão feroz, de lava incandescente e lenta. O menino se fez fera por um tempo. Ninguem estava lá. Ninguem viu.  Eu morri varias noites mas ressuscitei todas as manhãs,  com olhos abertos, como se tivesse andado em um deserto por horas.  Não acreditei que tivesse mais olinto para ver o tempo passar. Travei longas batalhas com o relógio, vendo fotografias de parte de mim que foi arrancada. Das presenças diárias, poucas ficaram. Mas as que ficaram,  ficaram! De tudo o que aconteceu, o momento de abraçar e despedir era o que mais doía.  Os olhos inocentes e confusos não me viraram as costas jamais e, mesmo de longe,   cobriam toda a devastaçao que foi feita de mim. Os olhares de reprovaçao, a exposição constante, intermitente, julgamentos de quem não sabia nem um pouco de mim, não doeram tanto quanto eu pensei.  Só me fortaleceu e fez com  que eu não quisesse mais calçar o mesmo sapato. Não mais! Fez com que eu buscasse uma parte liberta de mim. Uma criança que não fui, nasceu  em toda essa metamorfose. Sem a preocupação exagerada de ser contido. Sem nenhuma pretensão de seriedade mórbida; sem a preocupaçao de querer agradar ou medo de ser ridículo.  Com isso, recuperando o tesouro,  me vi pleno, leve. Sei entretanto que tudo ainda vive em mim. As lembranças ainda vem em flashes, em "sonhos", lembranças de momentos que ainda me atemorizam estar no lugar de vivenciar novamente. Grato, ja deu! Foi precioso  mas não quero mais. A paz  reconciliada me faz bem. Noites presentes me fazem crer que tudo foi para isso. Os outros  que confiaram em mim sem que eu mesmo confiasse, me são caros e eternos; não são outros, fazem parte de mim e sabem disso. Os outros que feriram sem conhecer, sim, são outros e sendo motivadores do meu crescer,  os tenho em lugar limpo, mas com a graça bendita do esquecimento gradual . A eles dedico a paz que tenho, pois é indivisível. Algumas mesmas conquistas ja não me satisfazem. Que fiquem para quando Deus quiser. Por enquanto  , um homem vem se fazendo cada vez mais criança, cada vez menos pedante, menos importante e mais feliz. E hoje  sinto a felicidade que pensei não merecer. ( Olinto Campos Vieira, 13/10/2018, 23:55)

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Eu, por mim mesmo.

Me posiciono na independência de não precisar me posicionar a nada. Me posiciono na independência de falar ou não falar, escrever ou não escrever, dar opinião ou me calar, ouvir e dar de ombros, ouvir e dar a atenção se eu quiser, que eu quiser,  responder se achar que devo ou ignorar. Me posiciono dentro da minha independência construída nesse meio século de vida que tenho, com o direito que me assiste de  me fazer entender como e quando eu quiser, de entender como certo apenas o que passa pelo meu crivo, de não fazer exposição de meu crivo, de não me interessar pelo crivo de ninguém se eu assim entender; de não me medir pela régua de ninguém, de seguir quem eu achar que devo, de andar só,  de discordar e ficar só para mim, de sentir medo e entrar para o quarto, de não sentir medo, de não ligar para a inteligência de ninguém se eu não reconhecê-la, de não propalar isso, de não ter receio de rótulos, de não rotular, de não ter preconceito, de ter conceito, de sair, ir, voltar, ir de novo, voltar de novo, avançar, parar, aceitar o café, fingir que está bom ou não aceitar o café. Me posiciono com a independência e liberdade de rir , ficar sério, responder ou não se alguém me cobra ou se decepciona por algum posicionamento meu ou por meu silêncio.  Me posiciono com a extrema leveza de não levar em consideração se a minha reação surpreendeu alguém que não me conhece ou conhece. Me posiciono da maneira que eu quiser ou não quiser. Quando nasci me deram um nome e é ele que eu uso para construir minha identidade única, original, minha e de mais ninguém. ( Olinto Campos Vieira)

COLUNA DO OLINTO - O FANÁTICO

Hoje eu resolvi, não sei porque, falar a respeito do fanatismo. Esse monstro de todas as eras é facilmente reconhecido  na sua vítima pois o dominado não consegue ter raciocínio lógico. No afã de esgotar sua sanha fanática que o faz limitar drasticamente sua inteligência , saltita daqui para alí, ultrapassando todas as faixas amarelas do bom senso. Fanático não tem personalidade; vive inautêntico, aceita meias verdades  com a convicção de um faminto frente um prato feito. Independe de classe social ou motivação; o fanático tenta suprir uma carência inconfessável, um desejo reprimido, uma falta de aceitaçao de si mesmo. O fanático depende sempre do outro. É necessária a existência de platéia para que  o fanático se sinta estimulado a desenvolver seus queixumes,  agressividade, intromissão na vida e espaço alheio. O fanático não consegue viver somente no seu território e anseia, ou mesmo necessita  do jugo de um buçal. Não sendo dono dos próprios atos ( embora pareça sê-lo), são geralmente reprimidos,  pregando uma moral que não vivem, exigindo uma adesão imediata ao que consideram certo, sob pena de constrangimentos públicos e até mesmo agressões por palavras e vias de fato. Ele se ofende fácil e se reconhece mais fácil ainda. Os olhos parecem parados, vidrados, como se estivessem em transe, mirando um ponto fixo no espaço, com uma tendência a somente falar e não ouvir. Se dá espaço para o interlocutor falar, não ouve; já elabora a continuaçao do que estava falando.  As palavras tem um ritmo acelerado, em uma só entonação, geralmente um tom mais alto e, em decorrência da falta de pausa,  não é raro descer um fio de baba pelo canto esquerdo ou direito da boca, conforme a pessoa.  Sobrevive de frases de efeito, chavões genéricos e não tem noção, pela mente atormentada, do grau das feridas que provoca. Não faz por mal, é uma anomalia.O fanático vive em um universo paralelo all the time.   Ainda bem que não existem fanáticos aqui na minha time-line e eu, logicamente, não os procuro, pela nocividade que eles representam. Estou definindo para uma precaução dos amigos pois, afinal de contas,  devemos nos precaver nesse mundo cheio de fanáticos por futebol ( ou qualquer outro assunto  pois o que menos importa oara o fanático é o assunto).

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Se um poema te fez chorar...

Ama a poesia? 
Nao deixe então o  artista se perder.
Não exagere nos adjetivos, não superestime o homem.
 Assim ele sabera  que é naturalmente capaz de entrar em todo coração.
Se sonha em ir à Lua,
que vá à Lua.
Ou escolha onde quer ir.
Se sonha com a perfeição do amor, ja sentiu no coração.
 Não se engrandeça por isso.
A poesia está acima do poeta. 
Ele apenas a buscou no ar e decodificou em palavras.
Poeta,  trabalhe o que de melhor há em si.
E a cada dia, perceba que as palavras são maiores, saiba-se pequeno, pelo amor de Deus!
Que as luzes artificiais não lhe digam nada.
Elogios não são para a carne e  osso;  muito menos para o espírito. Pode até ser reconhecido, mas que saiba a dimensão disso.
Artista não precisa de púlpito, togas, publicações, autógrafos, mesmo que os dê.
Poeta precisa ser poeta de todos, nào apenas dos ultra sensíveis mas também  dos prisioneiros, dos doentes, dos mendigos, moradores de rua, escravos de qualquer coisa, dos desenganados da UTI.
Vá com a sua poesia, olho no olho, para quem agoniza.
Poetas de bebedeira, de efemeridades, o mundo está cheio.
Coma de sua arte, mas nao se embriague nem se enfastie.
A felicidade que ela traz, o faz simples mensageiro.
 Ego é tolice
e tão somente!
O verdadeiro poeta sabe que,
vez ou outra,  pode ser
" tantas vezes reles, tantas vezes vil".
Ele humaniza a dor, com talento divino. Sério demais para devaneios e fantasia.
Não fale apenas dos sabiás-laranjeira, das fadas, beija flores e pirlim pim pins.
Não faça nem deixe fazer ode a si proprio.
A sua existência é trazer felicidade, paz, alento, luz,   em forma de palavras.
Mesmo que haja dor,
se um verso te fez chorar, pensar e sentir, não idolatre o poeta,
ame a poesia.
Poeta, se recebeu esse dom, nao o confunda com nada menor
 pois Bandeira se achava um poeta menor!!
Não é você dono de nada!
Seja digno de ser portador da boa mensagem.
Quando se sentir vaidoso e "maior", vá um dia em um cemitério e declame seus poemas para sentir o vazio que te causa toda aquela aparente paz.
E a quem lê,
Não faça com que o poeta se sinta maior que sua missão.
Valorize o mensageiro e guarde consigo a mensagem até o dia em que nenhum poema necessite ter
autoria.
Por isso escrevi desconectadamente uma mensagem ao poeta e ao leitor. "Sinta quem lê!"

( Olinto Vieira, 06/08/2018, 17:57)

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

http://renatoresende.com.br/blog/quem-esta-por-tras-da-lente-LCJ7035

terça-feira, 31 de julho de 2018

Napoleão descobriu Comodus anos à frente

Ignorantes com iniciativa era como dizem que Napoleão chamava o homem que faz o que não deve, fala o que é inconveniente, e até ouve o que não precisaria. Não sabe fazer ouvidos moucos, como diziam antigamente. Falta-lhe prudência, bom senso, aquele click, aquela faixa amarela, aquele...sabe?

Um ignorante com iniciativa destrói castelos valiosíssimos, põe por terra oportunidades, desperdiça momentos excelentes de quietude ( isso tem um jeito mais popular de ser dito). São os ignorantes com iniciativa que fazem maldade sem a devida noção das consequências,  por que resolvem modificar o que não é o momento de ser modificado e não fazem o que tem que ser feito. São difíceis de lidar e esse quesito é o ponto chave dessa espécie de animal.

Como se fosse um homem com sapatos trocados, caminha altivo, sério e apressado, para lugar nenhum. Praticamente um "Pêga" forte, resistente e adaptado a qualquer clima,  que se vê como um Mangalarga Marchador ( tudo isso no campo das comparações). O ignorante com iniciativa é um animal  que altera  processos definidos, vive em uma "roda viva" constante, consigo e com os outros,  e tem orgasmos múltiplos ao imaginar  que cabe em uma armadura que ele mesmo sabe que ficará  10 números menor.

E ele sabe disso, mas não aceita!

 Um vivente assim é, portanto, um grande risco, um tonel de pólvora,  não precisamos dele, é completamente dispensável em processos que envolvam lidar com destino de seres humanos. Calado, entra em equívoco, pois está invariavelmente utilizando o cérebro como se usa o intestino ( grosso, pois o ignorante com iniciativa tem grande risco de nem possuir intestino delgado).

A absorção da sabedoria pelo homem dessa qualidade,  pode ser proporcionalmente comparada à da  água pelo intestino grosso que é a responsável pela consistência firme do "rejeito". O ignorante com iniciativa não absorve "água" suficiente  no "cérebro" e essa falta impede a consistência do discernimento do seu pensamento causando uma disfunção cerebral semelhante à diarréia, "et coetera ( literalmente)".

 Napoleão ( mito! mito! mito!) pode até ter sido feio, mas não era tolo, se foi ele mesmo que conseguiu decifrar a personalidade de Comodus, o imperador romano que com egocentrismo, governou pouco e deu início à derrocada do Império Romano. Napô governou a França e deve mesmo ter lidado com todo tipo de gente e situação e precisava conhecer o passado.

Com esse descoberta, podemos até dizer que o velho Napa foi o inventor do verbo "boçar". Ele pinçou no meio de todas as sociedades, seja que cultura for,  um tipo de pessoa com comportamento extremamente reprovável, que pode ser percebido facilmente.

Ele boçou, pois trocentos anos depois, vemos o ignorante com iniciativa,  mesmo com a sua porção democrática de inteligência, gerando situações constrangedoras, acreditando em si mais do que deveria, falando demais e se calando de menos. Ou falando demais com as pouquíssimas palavras que causam terremotos danosos.

O desinfeliz ( se é que existe essa palavra, Magri), querendo ser rei, sonha gostoso, vendo sua assinatura em um Decreto Real, em caneta de tinta dourada: "Fulano de Tal, Rei da Gabolandia!" e se refestela em sua camona king size. Acorda correndo para se lavar pelo prazer efêmero  causado pelo sonho. Vade retro, ignorante com iniciativa!

Obs: Boçal, em algumas regiões do Norte e Nordeste do Brasil quer dizer pessoa que conta vantagens, fanfarrão, falastrão. Boçar quer dizer, " tirar uma onda", se desfazer de alguém, se mostrar superior sem ser. Exemplo do emprego do verbo: " Fulano quis boçar, dizendo que está em primeiro lugar nas pesquisas."

sexta-feira, 27 de julho de 2018

PRIMEIRA PESSOA DO SINGULAR

Ainda mediano em minha pouca vivência, me compraz  o  acelerado passo do cotidiano, pela necessidade de não pensar,  se houver horas vagas. Pensando, sei que sofro. A insignificância da luta, o objetivo que não existe,  as teorias inúteis, as desculpas infinitas, o vitimismo,  a ansiedade de ensinar o que nem eu sei,  a certeza da fuga, os dias conscientemente repetidos, os problemas que se sucedem, o desespero da falta de solução, a suspeita da falta de sentido da vida; a falta de sentido da vida. Turbilhão! Atarefado,  me atrapalho com meu proprio agito, com a ilusão de que "está tudo bem". Suando, preciso ver o suor para acreditar que é suor. Enganando-me, finjo que é sagrado. Mudo, converto-me à mesma multidão da qual quero me distanciar . Surdo, grito com minha própria sombra, como se a rejeitasse. Me visto pelo avesso para combater um inimigo inexistente. Mujo, no mesmo ritmo da manada, um tom mais alto para que meu idioma seja entendido pelo volume. Acordo sedado de ignorância, já não sonho e durmo de luto, todo santo dia, precisando de uma razão, mas não à procura dela,  porque a rejeito. Porém, em instante de lucidez,  no dever de me aperfeiçoar naquilo que ja consigo ver, me lembro que bastam as dores minhas. Preciso apenas delas para me ocupar. E em um segundo de Paz, agradeço a Deus os raios de luz que me fazem reconhecer as cicatrizes de uma vida imprecisa, (entretanto com segurança),   dentro da Nave Divina, sujeito à tempestade,  mas com a certeza  da contínua presença do Sol. (26/07/18 22:22 Olinto Vieira, última quinta feira do mês de Julho de 2018)

terça-feira, 24 de julho de 2018

Tuaregue!

Atravessa o deserto, Tuaregue!
Percorre incansável as intempéries do tempo, dos raios do sol, da chuva, do frio da noite.

Segue seu destino, destemido. Ou quase destemido. Ou melhor, com coragem e vigor, por que o medo faz parte da vida, mas a coragem é que o faz enfrentá-lo, incansável.Beba a água da vida quando sentir o golpe recebido, mas não revida tanto.Re vida. Vida renova, tudo amanhece novo um dia. O que era doce ontem hoje tem gosto de Sal. Salim. Salgado, mas pelo sal da terra. Pelo suor que derrama. Pelo nome.

Enfrenta suas dores, caro Tuaregue, amigo e irmão, entendo, e como entendo , sua indignação abissal. Não! Altaneira, pois você acredita em si, no que pensa, no que quer e isso é algo que vem do alto. Abismo é onde mora os que te lhe querem mal. Não te conhecem.

Não, Tuaregue, vc não é abandonado por Deus, pelo contrário, por Ele é guiado nas tórridas areias deste deserto. Decerto. De certo mesmo! Pois tens os seus que lhe são fiéis, que lhe são venerados. Vibra com a conquista deles, caro andante fiel e não se esqueça que tem a nós.

Tens Estrela, Tuaregue, sua voz é ouvida e como é! Com respeito Geral! Geral;do que te gosta ao que não te tem afeto.Não vi quem te desafia com desrespeito.Não nasceu para agradar, nasceu para ter honra e distribuí-la, vinda de mãe, de pai, de avô, de linhagem que te faz vivo, abrindo campos de espinhos e flores. Agradar não é sua sina, mas agrada! É amado, é doce e amargo. Fel e mel.

Atravessa esse deserto, descansa seu animal, veja como ele bebe a água com os olhos em ti. É gratidão, Tuaregue. Aquele que tanto gosta, que tanto crê, que te entende pelo olhar, não são apenas os homens, são seus cavalos. Chora Tuaregue, pois eu sei que é forte e somente os fortes choram com o simples que emana, como diz o poeta. E não deixe de dizer sua verdade. Mas contenha-se, Não vá se enraivecer, não contamine seu coração de menino.

Diz sua verdade que já é tão ouvida pelo deserto inabitável de sabedoria e lotado de ignorância pois é um gigante, mesmo sendo um garoto. Ama seu Hino. Queira os seus fielmente como sempre fez e se ergues da justiça a clava forte, todos verão que um filho seu não foge a luta, porque vieram de ti. E você veio Dele, Tuaregue. Vc não se esquece disso.

"Espera o Brasil que todos cumprais com o vosso dever Eia! Avante, brasileiros! Sempre avante Gravai com Buril nos pátrios anais o vosso poderEia! Avante, brasileiros! Sempre avante

Servi o Brasil sem esmorecer, com ânimo audaz.Cumpri o dever na guerra e na pazÀ sombra da lei, à brisa gentilO lábaro erguei do belo Brasil
Eia! sus, oh, sus."

É responsável por mim, por meus pequenos passos espirituais, é querido, é saudoso por onde passou e passa. Portas abertas, Tuaregue, em casa simples. Na minha tens o meu melhor lugar por que soube conquistá-lo, sabe ser transparente, sabe ser gente. Por isso, as flores que plantou nessa vida são muito maiores por seu ofício de curar a dor. Enquanto eu procuro. Olha que grande merecer o seu.

 E aquela Rosa que soube receber tão bem, há de dá-la. Há de dá-la.

Ab Initio até agora e sempre.

Abre campos e já não verás espinhos, somente flores. Há de dá-las!

segunda-feira, 23 de julho de 2018

ESCADAS ROLANTES

Me preocupam essas escadas rolantes
que mandam nos nossos pés.
Já estamos com passos tão lentos
e vem ainda esses mecanismos
nos mandar a andar onde eles querem.
Eu resisto, mas eles não obedecem meu pensamento.
Insistem em rolar,
 intrometendo-se no destino do meu caminho.
Suassunei o quanto pude mas quando vi estava em outro andar e ela, rindo de mim,
com sua língua imensa, como a zombar de meu resistir inútil.
Ariano caboclo iria de escada, mas eu ainda quero vencer essa coisa que se atreve a ritmar meu passo.
Se ela pensasse, diria: "Agora vá!"
O dever dela é me entregar em um lugar
que ela nunca foi;
 E de dizer que quem manda na minha estrada
não sou sou eu.
Homem!

(Olinto campos Vieira, 17/07/2018 18;18

Felicidade é dor e riso

Quando nao tinha responsabilidades mais fortes, o desespero de nao dar conta das responsabilidades básicas lhe invadia. Capaz incapacitado por si proprio, viveu uma juventude acanhada, surdo-muda, imerso em si mesmo. Mais responsabilidade, menos iniciativa, mais sofrimento. Menos voz capaz de expressar o querer. Tempo que passa assim. Responsabilidades maiores, renúncias, escolhas, decisões, arcar com os fracassos e sucesso delas. Menos felicidade e mais dever. Deveres que não esperam; decisões, das mais contundentes que uma pessoa pode tomar. Sujeitar-se às suas consequências, aprendizado, crescimento, lágrimas, dor. Sequencia infindável de acontecimentos que questionam frontalmente o  conceito comum de ser feliz. A felicidade de quimera. Ser feliz é saber que tudo é dor e preparar-se para para abracá-la.

Fruto semente

Dia de se lembrar
Como é nascer um homem.
Dia de sepultar não uma vida.
Dia de se ver na vida como um fruto sem semente.
Ou apenas a semente
Que tem o dever de nascer.
Que não tem a resposta
que sempre esteve perto
E nao estara mais.
Dia de encerrar um cinquentenario
Com lágrimas de menino
Com soluço
Respiraçao entrecortada
Dia de se lembrar que o homem
É você! (OCV 19/07/2018 22:15)

Parto

Um homem faz um parto. E parte para a vida no momento certo de ter tido segurança de estar em paz com quem teve a missao de ser responsável de lhe apresentar para o mundo. Esse tal rei mundo não é brincadeira. Quem percebe que você não é mais menino ou infantil, se for seu pai, facilita a sua vida. Percebe que você cresceu, é coisa magnífica ; normalmente  a maioria das pessoas não conseguem nem perceber sua propria mudança ( se há) quanto mais a dos outros.  O "eterno Deus mú dança!"

Quinquilharias

Quinquilharias são bobagens, coisas sem valor. Feitas de material inútil e inferior.

 Quase sempre de papel, pano, aço ou borracha. Coisas que geralmente em todo canto se acha.

 São fotografias velhas, objetos sem importância, que retratam coisas tolas ou velhas lembranças.

Quinquilharias nem sempre são de ferro ou de pau. Um remédio antigo que já nao combate o mal.

 Roupa velha, três pijamas, um sapato usado, tres cartuchos azuis de um rifle que foi roubado.

Quinquilharias são inúteis, não se vende ou dá.  Joga fora ou enterra, incinera já. A ninguem interessa,    ninguem quer saber.

 Interessa o guarda roupa ou coisa de comer.

Sao itens que nao entram no inventário, sao lembranças de uma vida, como um diário.

Que mais tarde as pessoas sempre perguntarão, onde esta aquela foto? Deve estar no porão.

E hoje em dia os porões só existem nos filmes. O porão é o coração da alma da gente. Quinquilharia que eu  guardo como uma semente.

 ( Olinto Vieira 21/07/2018 19:32)

Perto de Deus

Nao me preocupam essas turbinas
Nem essa maquinaria mais
pesada que o ar.

Quando estou voando
Me sinto seguro e quieto.
Somente a ciencia divina, Inspirando,

Faria em prática toda essa impossível teoria.

A Luz Divina se manifesta plena
E quando estou voando
Estou mais perto de Deus.

(Olinto Vieira)

terça-feira, 10 de julho de 2018

Uber Vitória-Minas

Esperando o Uber, faltam 12 minutos.
 São minutos de poesia e não de espera.

 De quem aproveita o tempo e contempla nas palavras algo que sempre se recupera.

O motorista sequer sonha que torço para o tempo parar;
Para o tempo da memória ter memória na vida.

Tudo ficou instantâneo, mais que o macarrão.
O trem demorava horas, o ônibus, dia sim, dia não.

Taxi eram dois ou tres,
O uber chega a jato.
A beleza do mundo acabou,
Em um, dois, três...

 Quer água, doutor, um café?
E o Waze guia o homem sem fé, que guia o carro, que me deixa no meu destino, muito educado e fino.

Eu pontuo, pois ele ganha com isso e eu ganho tambem.

O que hoje faço no Uber, fazia bem melhor no trem.

( OCV 00:28)

Amigo está perto

O ser humano  as vezes corta  palavras, quer sintetizar, quer o necessário, compreendendo equivocadamente o que disse o poeta. Hoje ensina-se o necessário e se contenta com o necessário. Se exalta o necessário, até!  Quando ouvimos uma bela música, tem até quem lê " a amizade sincera" e não compreende a sensibilidade da poesia e diz que "toda amizade já é sincera". E , " é um santo remédio, um abrigo seguro", em seu crivo, só consegue ver um 'remédio e um abrigo', ja que ambos, por sua natureza, são santos e seguros. Mas venho aprendendo que o amigo pode sim ser redundante, farto, generoso, sem exagero. O superficial constrói laços superficiais, com linhas frágeis, incapazes de resistir às intempéries próprias da amizade e acredita (quase). Amizade à distância virou praxe. Rochedo e mar não existem nesse tipo de ligação. " Por isso, se for preciso, conte comigo, amigo, disponha!" Sim, nas lutas do dia a dia, sorrisos e lágrimas, saber que as palavras acima sao mais do que meras palavras, confortam, faz sentir a mão na mão, de forma segura e firme. Um pai ou um amigo nao dorme direito se um filho ou amigo sofre no quarto ao lado. Amigos de telefone, de WhatsApp, da consistência do algodão doce, se proliferam na correria do dia a dia. Um milhão de amigos é meta, mas "mesmo apesar de tão raros não há nada melhor do que um grande amigo." Aquele que tem uma pequena casa com um imaginário portão bem largo 
"que é pra se entrar sorrindo 
nas horas incertas, pois amigo é pra ficar, se chegar, se achegar, 
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer 
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha 
e oferece lugar pra dormir e comer". E as "horas incertas", tão bem ditas pelo poeta, são aquelas em que não pensamos em nossas dores e sim na dor do amigo. Afinal de contas, nessa vida, nossas lágrimas mais sagradas e dolorosas são, em grande parte, causadas por quem nos ama. Pais, filhos, irmãos, amigos de longa convivência. Pessoas que, "teoricamente" queremos bem. E hoje, na grande sala de espera de uma UTI, vejo pessoas desconhecidas chorando, e sem nenhuma explicacão, se abraçando, sem saber sequer o nome um do outro e se amparam e são amparados. Em um minuto o coração faz feliz e já se sente feliz. Esse é o convívio do crescimento, o olhar que lhe é dirigido, o sorriso, o ombro. Essa é a vida real. ( Olinto Campos Vieira, primeira  quarta feira de julho de 2018)

É do jeito que a vida quer!

Quando era criança, meu pai comprou uma fita cassete do Benito de Paula e eu ouvia uma música que começava assim: "quem me vê sorrindo desse jeito nem sequer sabe de minha solidão". E era como eu me sentia. Um senso de humor só meu, só com pessoas selecionadas pela minha sensibilidade. Aos outros, silêncio, falta de assunto, timidez. Assunto para mim não faltava pois eu lia muito, ouvia musica boa, sempre me interessei por arte. Mas compartilhava somente com poucos amigos. Ainda existia uma dor perene, lágrimas que não tinham uma fonte certa, um vazio, incerteza. Coisas que hoje se tratam com palavras, autores, livros e medicamentos iguais para pessoas diferentes. Nomes que ganham significados sofisticados e eu nao desprezo.  Vencendo aos poucos a insegurança, descobri como utilizar algumas coisas positivas para eliminar negatividades. Para a timidez, um  gesto inesperado de humor que cativa. Para o complexo de inferioridade, o estudo concentrado em algo que eu me considerava incapaz de resolver. Para o reconhecimento, um olhar firme, uma palavra forte, um passo decidido. Descobri um líder. Sem livros de auto ajuda; não que eu seja contra, pois lutando contra preconceitos, aprendi que algumas pessoas utilizam a crítica para menosprezar quem eles próprios querem ser e não conseguem. A própria vida me mostrou de onde vim e hoje vejo mais claro. E continuando a música que meu pai gostava quando eu era menino, homenageio a ele mesmo, que ontem completou quatro meses de uma luta que poucos sobreviveriam como ele vem vencendo: " é que meu samba me ajuda na vida,
minha dor vai passando, esquecida
vou vivendo essa vida do jeito que ela me levar.
Vamos falar de mulher, da morena e dinheiro
Do batuque do surdo e até do pandeiro
Mas não fale da vida, que você não sabe
O que eu já passei
Moço, aumenta esse samba que o verso não pára
Batuque mais forte, a tristeza se cala
Eu levo essa vida do jeito que ela me levar
É do jeito que a vida quer
É desse jeito." (Olinto Campos Vieira, primeira quinta feira de julho de 2018.)

domingo, 1 de julho de 2018

Cego, mudança e vida!

Isolado há mente, e mesmo na luz artificial o Sol brilha. Luz técnica com a mente, não há lamento. Pensamento musical, ré, mim sem dó. No frio de um clima só, há calor na memória. E ela não entedia, pois entre os dias, que são tantos, há uma nova mentalidade. Todo dia, que não sei que feira, é a segunda, terça, quarta, quinta, sexta chance. Todos os dias um Sabbath Shalon. Um novo dia de Sol, mesma semente, um segundo, ávida vida para se replantar. Reis mortos não servem ( só para quem os querem mortos). E os vivos, plebe que só respira,  segue tendo os dias  para alimentar a tortura do medo da certeza do cego, pois o Sol que brilha nao chega no ideal já que o desequilibrista não se firma na corda que ele mesmo criou para o facho de luz do Sol clarear sua mente.  E, sem como fugir, o que resta é a multiplicação da falta de ação e um  sofrimento sem fim. Pois o que muda incomoda, perfura, atinge quem se deixa ferir por não respeitar os vivos. E definitivamente tudo pode mudar, até eu, até você. ( 12:21)

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Nos acréscimos

Não sou histérico nem sou normal. De longe posso parecer, mas o poeta, de perto decifrou, o ser humano nao está totalmente no controle.

Perde ou vence  nos acréscimos, ou joga uma longa partida, com gol feito aos poucos.

Meu coração nasceu só e assim vive no fundo do peito. O silencio essencial, vive na sensibilidade e respeito.

 Sou do mundo, de todo mundo, da lagrima e sorriso, um dia apagado, outro aceso. Percebo a procissao que passa, tanto dispersa, e eu junto dela.

O caminho sem peso, com o passo mais lento, com o meu sentimento, com o meu desejo. De paz, quietude, compreensão e silêncio.

 Barulho, sorriso, e no mundo indefeso. Contando com a luz, a colheita e a força, para a paz vir ao peito acalmando a dor. E na calmaria sentir o momento de ter a grandeza que é o Amor. (Olinto Vieira, 13/06/18, 00:55)

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Pedras...


Ser humilde é ser belo, ser pequeno. E saber-se pequeno é encontrar um lugar sem teto e que mesmo assim lhe faça sentir seguro para crescer. Vivemos aqui, no mundo.

E no mundo há homens e homens tem fome. No restaurante, cada um sentado ao redor da mesa, há desconhecidos comendo do mesmo arroz preparado na mesma panela por uma cozinheira irritada, insatisfeita com a vida, mal paga e que não tem tempo nem vontade de almoçar.
O tempero é o que vale?
E sempre lembro do sopro que recebi, quando nasci, “vai lá, mas não seja mais um “gauche” na vida, não seja um acanhado, torto, seja benevolente, se cair, por causa de uma pedra no seu caminho, não deixe que ela te faça ficar no chão. Vá!
‘Nunca me esquecerei desse acontecimento que na vida de minhas retinas tão fatigadas’ eu via sempre uma pedra, como o itabirano. O problema é que não dá para esquecer que, por toda minha trajetória, no meio do caminho tinha uma pedra e é bom que se coloque no passado.
Porque a vida urge!
E pensar que cheguei ao ponto de nem poder ter pedras no caminho! E há quem lamente por elas. E há quem não conheça pedras no caminho!! E há quem entregue pedras no caminho. E há quem, inadvertidamente, coloque pedras no caminho!! Aquele não soube, o outro, nem o outro. Que aprendam!
Bom é não colocar pedras proibidas que limitem meu caminhar nem atropelem minha consciência; no meu caminho nem no seu. Precisamos caminhar, depois de tudo, pois o sol nasceu! Mas o meu caminho e passo são meus. Não quero me decepcionar. Não quero parar, não quero correr, não quero temer, não quero morrer!

Olinto Vieira, Parauapebas, 02 de maio de 2018

domingo, 22 de abril de 2018

Os dias, o tempo


A vida foi dura , bateu forte, pisou sem piedade?
Não, apenas a colheita foi feita
do que certamente foi plantado
Tão forte, que vi que amor não está em flores artificiais
Tão forte, que percebi que amor não está visível
A qualquer olhos.
Tão forte, que vi flores em mãos artificiais!
Vida também é presença, distante
Saber que estou aí, estando longe
Saber que estar e ficar são verbos fortes
demais para serem traduzidos por palavras
É reconhecer que a delicadeza do gesto de calar
É a mesma delicadeza do gesto de ouvir.
A natureza cala, ouve.
Silencio que poucos ouvem; de poucos vem
É a pequena semente que um dia foi plantada
E devagar, regada, bem devagar, germinada
Lentamente trabalhada e timidamente surge!
Tenra, pequena e verde, do chão fecundo
Que depois do vendaval foi cuidadosamente preparado,
Lenta, pausada, suavemente planificado,
Em mim também bateu forte, mas consigo sentir
Consigo perceber a vida,
no meu chão antes destruído
Não por gestos lugar comum de gentileza fútil,
Não por beijos e abraços, ou sussurros
Ou espasmos ou gritos de um frenesi sem nexo.
Volúpia que que se apaga como fogueira
A vida em mim se mostra forte como uma árvore
Arrebatando o chão, crescendo desvairadamente
Resistindo aos dias, ao calor, à chuva,
Para um dia voltar ao chão,
Da mesma maneira que a mais pequenina flor
Que em sua aparente fragilidade
Morre multiplicando o jardim.
e nasce novamente; é a Vida!
( Olinto Vieira, 02/05/2018 20:00)

sábado, 21 de abril de 2018

SINFONIA DA PAZ

Não tarda ainda a colheita,
já que  semeou  bons frutos vida afora,
Se prepare  sem culpa ou remorso  para felicidade que chega
Breve vem vindo  dias de alegria;  já provou todo o fel da tristeza.
Apenas porque comeu pão embolorado nos dias cinzentos,
não pense não ser merecedor de viver dias intensos de brilho do sol.
Carregou fardos pesados por longo tempo, perdeu a esperança
Mas não manda nela, não manda no porvir, ciência exata.
Uma matemática sublime, certa e paciente, que a todos alcança.
De repente abre  a janela, olha no espelho e se depara com um homem novo
O futuro que tanto almejou  chega  sem  você observar.
Todo o seu soldo esteve guardado  na gaveta do tempo
O ferimento que hoje sara foi de  uma pedra atirada
 por você mesmo
Ricocheteou  no nada, ganhou a dimensão do espaço e acertou dois  alvos
Um deles era você;
eis uma dor impossível de se mitigar,
 tem que ser sentida.
Mas o perfume que ora exala  originou de sementes plantadas por  você
Venha colher frutos sãos e doces, venha sentir o aroma de perto
Venha ver a beleza do jardim que  hoje se forma frondoso, com as sementes
cuidadas  e regadas com carinho. Sim, você é o autor dessa beleza, creia.
Cada suor derramado, cada lágrima vertida, cada dobrar de músculo cansado
na longa jornada da vida, estão gravado nesta seara fecunda.
São flores sem espinhos pois você já os tirou, um a um.
Cravados em sua alma já não mais se encontram .
Prova o gosto da felicidade, se satisfaz com suave água de fonte cristalina
Feche os olhos, sim não está  sonhando, eis  a primavera eterna.
Eis a felicidade ao alcance de suas mãos, mansa e palpável.
Já não mais necessita de pressa, tudo agora é realizado no tempo certo.
Não mais necessita de dor, nunca estará cansado e andará
no compasso ritmado do Universo, grande acolhedor dos tempos.
Tudo agora é sonho ,que  é também realidade inconfundível.
Venha,  agora é a hora de sorrir,  pois você já vê face a face
Você se ofereceu, sem saber, um triste Requiem  por anos e anos
Escute agora eternamente  a grande sinfonia  também composta por você
E voltando-se por completo para si mesmo, ouça o incrível som
do completo silêncio que é o  monumental  e fascinante domínio da Paz.

PENSAMENTO, LIBERDADE E ESCOLHA

Saber discernir é a voz silenciosa da razão em momentos que o obvio é tão claro que ofusca. Se só existe, na atualidade o joio e o joio,  que pelo menos não vistamos o seu uniforme, sob pena de cometer enganos irreversíveis. 

Não quero crer que passamos de um estágio de torpor à fase de torpeza da inteligência. Nunca precisamos dela tão viva.

A proliferação do pensamento néscio equivale a sobrevivência de periplanetas em caso derradeiro de exterminação de todas as outras espécies. 

Difunde-se um pensamento neardenthal, cujo cérebro lento, afasta de si a capacidade real de raciocínio lógico em expansão infinita para uma estagnação, ou mesmo um regresso inglório a uma posição de obscurantismo histórico. 

Vejo um côro raivoso abafando o manipulado, tomando tenras consciências e as fazendo colocar mordaças em si. Uma marcha ruidosa de maus sentimentos  acrescidas de limitado périplo à superficialidade.

Tal atitude é capaz de demarcar um nível raso de compreensão aos questionamentos humanos mais básicos, como a liberdade. Somente uma anestesia cerebral justifica uma multidão de lorpas prestes a construir um labirinto ao redor de si mesmo, aparvalhados pela paixão de suas convicções incertas.

Quem se assenhora de si, não permite ser personagem de uma historieta de tragédia anunciada. Um dos bens mais preciosos do ser pensante é a capacidade de sonhar e a possibilidade de transformar as experiências de imaginaçao do inconsciente em realidade possível. 

Não nos contentemos em fazer menos do que nossos ascendentes fizeram por nós pois somos o reflexo  que nossos descendentes terão como parâmetro e o nosso maior legado é a nossa  ação.

 ( Olinto Vieira)

CORAÇAO ACELERADO


  • O Meu coração bate à golpes de machado em mourão. Agora já sem motivo e sem controle. O meu coração de menino está cada vez mais menino. Acelera, corre sem destino certo, bate, tropeça, cai, se levanta. Meu coração está descompassado com meu corpo. Desobediente aos comandos prudentes, sai como um cachorro solto pela relva, pula, teima em trombar em si próprio. O meu coração salta do peito como naquele instante mágico , frações de segundo, do primeiro beijo, lábios se tocando levemente e coração saindo pela boca. O meu coração de homem está cada vez mais distante dos problemas do mundo, está cada vez mais perto de querer o que não conhece, ou o que conhece de saudade. E bate sem qualquer cerimônia , sem dó nem piedade, como um menino arrastando um velho, sem maldade, mas com vigor impensado de que eu já não o acompanho na mesma velocidade. Mas quem sou eu para comanda-lo. Vai coração, cantando "Bem-te-vi, Bem-te-vi " até onde Deus quiser que você pare. ( Olinto Campos Vieira)