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domingo, 22 de abril de 2018

Os dias, o tempo


A vida foi dura , bateu forte, pisou sem piedade?
Não, apenas a colheita foi feita
do que certamente foi plantado
Tão forte, que vi que amor não está em flores artificiais
Tão forte, que percebi que amor não está visível
A qualquer olhos.
Tão forte, que vi flores em mãos artificiais!
Vida também é presença, distante
Saber que estou aí, estando longe
Saber que estar e ficar são verbos fortes
demais para serem traduzidos por palavras
É reconhecer que a delicadeza do gesto de calar
É a mesma delicadeza do gesto de ouvir.
A natureza cala, ouve.
Silencio que poucos ouvem; de poucos vem
É a pequena semente que um dia foi plantada
E devagar, regada, bem devagar, germinada
Lentamente trabalhada e timidamente surge!
Tenra, pequena e verde, do chão fecundo
Que depois do vendaval foi cuidadosamente preparado,
Lenta, pausada, suavemente planificado,
Em mim também bateu forte, mas consigo sentir
Consigo perceber a vida,
no meu chão antes destruído
Não por gestos lugar comum de gentileza fútil,
Não por beijos e abraços, ou sussurros
Ou espasmos ou gritos de um frenesi sem nexo.
Volúpia que que se apaga como fogueira
A vida em mim se mostra forte como uma árvore
Arrebatando o chão, crescendo desvairadamente
Resistindo aos dias, ao calor, à chuva,
Para um dia voltar ao chão,
Da mesma maneira que a mais pequenina flor
Que em sua aparente fragilidade
Morre multiplicando o jardim.
e nasce novamente; é a Vida!
( Olinto Vieira, 02/05/2018 20:00)

sábado, 21 de abril de 2018

SINFONIA DA PAZ

Não tarda ainda a colheita,
já que  semeou  bons frutos vida afora,
Se prepare  sem culpa ou remorso  para felicidade que chega
Breve vem vindo  dias de alegria;  já provou todo o fel da tristeza.
Apenas porque comeu pão embolorado nos dias cinzentos,
não pense não ser merecedor de viver dias intensos de brilho do sol.
Carregou fardos pesados por longo tempo, perdeu a esperança
Mas não manda nela, não manda no porvir, ciência exata.
Uma matemática sublime, certa e paciente, que a todos alcança.
De repente abre  a janela, olha no espelho e se depara com um homem novo
O futuro que tanto almejou  chega  sem  você observar.
Todo o seu soldo esteve guardado  na gaveta do tempo
O ferimento que hoje sara foi de  uma pedra atirada
 por você mesmo
Ricocheteou  no nada, ganhou a dimensão do espaço e acertou dois  alvos
Um deles era você;
eis uma dor impossível de se mitigar,
 tem que ser sentida.
Mas o perfume que ora exala  originou de sementes plantadas por  você
Venha colher frutos sãos e doces, venha sentir o aroma de perto
Venha ver a beleza do jardim que  hoje se forma frondoso, com as sementes
cuidadas  e regadas com carinho. Sim, você é o autor dessa beleza, creia.
Cada suor derramado, cada lágrima vertida, cada dobrar de músculo cansado
na longa jornada da vida, estão gravado nesta seara fecunda.
São flores sem espinhos pois você já os tirou, um a um.
Cravados em sua alma já não mais se encontram .
Prova o gosto da felicidade, se satisfaz com suave água de fonte cristalina
Feche os olhos, sim não está  sonhando, eis  a primavera eterna.
Eis a felicidade ao alcance de suas mãos, mansa e palpável.
Já não mais necessita de pressa, tudo agora é realizado no tempo certo.
Não mais necessita de dor, nunca estará cansado e andará
no compasso ritmado do Universo, grande acolhedor dos tempos.
Tudo agora é sonho ,que  é também realidade inconfundível.
Venha,  agora é a hora de sorrir,  pois você já vê face a face
Você se ofereceu, sem saber, um triste Requiem  por anos e anos
Escute agora eternamente  a grande sinfonia  também composta por você
E voltando-se por completo para si mesmo, ouça o incrível som
do completo silêncio que é o  monumental  e fascinante domínio da Paz.

PENSAMENTO, LIBERDADE E ESCOLHA

Saber discernir é a voz silenciosa da razão em momentos que o obvio é tão claro que ofusca. Se só existe, na atualidade o joio e o joio,  que pelo menos não vistamos o seu uniforme, sob pena de cometer enganos irreversíveis. 

Não quero crer que passamos de um estágio de torpor à fase de torpeza da inteligência. Nunca precisamos dela tão viva.

A proliferação do pensamento néscio equivale a sobrevivência de periplanetas em caso derradeiro de exterminação de todas as outras espécies. 

Difunde-se um pensamento neardenthal, cujo cérebro lento, afasta de si a capacidade real de raciocínio lógico em expansão infinita para uma estagnação, ou mesmo um regresso inglório a uma posição de obscurantismo histórico. 

Vejo um côro raivoso abafando o manipulado, tomando tenras consciências e as fazendo colocar mordaças em si. Uma marcha ruidosa de maus sentimentos  acrescidas de limitado périplo à superficialidade.

Tal atitude é capaz de demarcar um nível raso de compreensão aos questionamentos humanos mais básicos, como a liberdade. Somente uma anestesia cerebral justifica uma multidão de lorpas prestes a construir um labirinto ao redor de si mesmo, aparvalhados pela paixão de suas convicções incertas.

Quem se assenhora de si, não permite ser personagem de uma historieta de tragédia anunciada. Um dos bens mais preciosos do ser pensante é a capacidade de sonhar e a possibilidade de transformar as experiências de imaginaçao do inconsciente em realidade possível. 

Não nos contentemos em fazer menos do que nossos ascendentes fizeram por nós pois somos o reflexo  que nossos descendentes terão como parâmetro e o nosso maior legado é a nossa  ação.

 ( Olinto Vieira)

CORAÇAO ACELERADO


  • O Meu coração bate à golpes de machado em mourão. Agora já sem motivo e sem controle. O meu coração de menino está cada vez mais menino. Acelera, corre sem destino certo, bate, tropeça, cai, se levanta. Meu coração está descompassado com meu corpo. Desobediente aos comandos prudentes, sai como um cachorro solto pela relva, pula, teima em trombar em si próprio. O meu coração salta do peito como naquele instante mágico , frações de segundo, do primeiro beijo, lábios se tocando levemente e coração saindo pela boca. O meu coração de homem está cada vez mais distante dos problemas do mundo, está cada vez mais perto de querer o que não conhece, ou o que conhece de saudade. E bate sem qualquer cerimônia , sem dó nem piedade, como um menino arrastando um velho, sem maldade, mas com vigor impensado de que eu já não o acompanho na mesma velocidade. Mas quem sou eu para comanda-lo. Vai coração, cantando "Bem-te-vi, Bem-te-vi " até onde Deus quiser que você pare. ( Olinto Campos Vieira)