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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Deus, Deus meu

Deus, Deus meu
Sei que muito ganhei
E ganho a cada dia

Mas tambem sei das renúncias que cortam minha alegria.

Do frio de minha terra, das noites de música  e sono, que perdi com ponta de angústia.
 Deus, Deus meu!

Perdoe a ingratidão, do pão sagrado que ganho
De amigos sinceros que tenho e essa vontade insana de ir embora pra longe.

Deus, Deus meu. Deveria render-te graças, deveria erguer as taças em uma vibração sem fim.
Deveria  dizer o seu nome em tudo que há em minha vida.
Vejo clara sua mão
a mim estendida.
Deus, Deus meu

(Olinto 
Vieira)

Céu de Brigadeiro

Céu de brigadeiro,
chuva de lavar
levando,
sol do meio dia.

Lá embaixo,
o homem andando.
Tece planos
enquanto o Universo
espera, se expandindo
Gradual.

O homem não sabe;
O homem tem certeza;
O homem acha;
O homem nem pensa;
Alguns imaginam
Em outros, dormência.

O  infinito não é maior que o homem.
Quantifique isso!

Nem a natureza
em cor,
em harmonia
em beleza,
é maior que o homem.

O homem mau que
aprende a amar
É a mais alta alquimia.

A transformação
mais sublime.

O verdadeiro Ouro
A tradução do Azul
O brilho da luz.
Um dia depois de
Outro dia.

O homem inimigo
trama, erra
Machuca, faz mal.

Um dia,  para.
Se depara consigo
Reflete.
Vê.
Se assusta.
Chora.
Chora.
Corre e abraça
Pede perdão.
Dá a mão
Baixa a guarda.

Nenhum fenômeno da natureza supera essa mudança.

Aprender amar é a verdadeira expansão
do Universo.

( Olinto Vieira)

Dezenove de Julho

O que fiz nessa vida
de triste porém necessário,  e o fiz sem conforto;  por nobre missão de filho ?
Carregar o caixão do pai morto.

Foi uma terça ou quarta feira, e eu recebendo as pessoas. Os amigos tambem que eram dele, alguns com olhar absorto, olhando o rosto sem vida, no caixão do meu pai, já morto.

Nesse dia de despedida, homenagens da terra natal, oitenta anos de amigos, e eu procurando um porto, encontrava sem querer os meus olhos, na Acácia Amarela juncada no caixão do meu pai, corpo morto.

E o relógio parado no tempo, na manhã que nunca terminava. Meus irmãos, minha mãe, meus tios, meus primos, minha tia mais velha, abalada, triste,  um jeito afoito, conversando com o irmão mais novo, o meu pai, que jazia morto.

E na hora, às cinco da tarde, ritual  Justo e Perfeito,  torcemos os parafusos, cuidadosos subimos o horto, só  aí desatei-me no choro. Despedi do meu velho pai morto.

( Olinto Vieira)

domingo, 24 de novembro de 2019

Ser Feliz

Feliz

Ser feliz na espera.
Ser feliz de espera
Ser feliz desespera
Ser feliz não é orgasmo, dinheiro, mergulho.

Ser feliz sem segredo.
Nem euforia, viagem, barulho.

Nem a alegria falsificada, momento. Festa lá fora e depressão aqui dentro.

Sê feliz, não julgue
Sê feliz, não ironize
Sê feliz, não cult
Sê feliz, se sensibilize.

Sê feliz, compreenda
Sê feliz, esteja em paz
Sê feliz, sem contenda
Sê feliz, faça mais.

É ter tempo, e ele esta aí. E dentro dele,  ter tempo para si.

 É preferir amor real!
É renunciar, se preciso. Mesmo sozinho na nau.
Felicidade sem guizo.

Ser feliz não é flórida.
Ser feliz é saber somar .

Nem chantagem
Nem bagagem
Nem o último tipo
Lap top, android, lipo.

Ser feliz é para mim o que sei e para você pode ser o que falei.

(Olinto Vieira)

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Todo mundo precisa de feedback

Essa foi a primeira postagem do OLINTO BLOG, em 13 de Outubro de 2008. Publicando de novo, para ver se tem ainda alguma coisa a ver.

 "Outro dia presenciei uma cena interessante e que reflete uma “globalização”de costumes, que vem se manifestando de forma inusitada e surpreendente. 

Passei em frente a uma construção e um pedreiro gritava para o ajudante assim: 

Ei Zé, não sobe para a laje agora não, fica de stand-by aí embaixo...

Achei engraçado ele utilizar um termo em inglês, de uma forma assim natural! 

Hoje em dia todo mundo quer parecer esperto, inteligente e na moda.  Recebi um e-mail de um leitor e resolvi abrir com vocês as críticas que ele me fez, que tem tudo a ver com o diálogo do pedreiro. 

Claro que fiz algumas adaptações para dar uma “ilustrada”, mas a essência permanece:

 “ Caro colunista, outro dia, lendo sua coluna, tive um insight interessante a respeito do isolamento que nós estamos aqui na Amazônia. É isso mesmo. 

O mundo dito ‘civilizado’ nos relega a um plano underground meio cult meio trash e se aproveita de um suposto distanciamento, criando as suas próprias filosofias a nosso respeito. 
Fazem um check-list de nossas pseudo necessidades e vem sempre com o mesmo discurso blasé, depreciativo e mascarado a respeito dos chamados povos da floresta. 

Olha colunista, a impressão que tenho é que estamos sempre em off; o fato de o mundo achar que somos undergrounds não é nem um pouco positivo para nós, pois a nossa voz não é marcante o suficiente para que tenhamos o necessário feedback. 

Todo mundo precisa de feedback, colunista! 

Hoje em dia as distãncias não separam nem isolam ninguém. Ta todo mundo linkado com as novidades e avanços do mundo moderno. Do Oiapoque ao Chuí. Engana-se quem pensa que somos menores ou inferiores a quem quer que seja.

 Estamos todos plugados, antenados ao que há de mais moderno. É só ver como andam lotados os Cyber´s e Lan-Houses daqui e de qualquer cidadezinha do interior desse estado (ou desse País).

Hoje em dia, todo caboclo que se preza tem home-page, orkut, messenger, senão tá out. Então, colunista, estou te dando esse feedback para que você possa, com seu feeling jornalístico, trazer assuntos menos regionais e mais abrangentes, focando um público mais in.
Sem mais, um leitor atento aos avanços do mundo.” 

Ao receber esse e-mail eu me lembrei imediatamente de uma música de um caboclo do Tocantins chamado Juraíldes da Cruz que fala assim: “Se farinha fosse americana, mandioca importada, banquete de bacana era farinhada. 

Andam falando que nóis é caipora, que nóis tem que aprender inglêis, que nóis tem que fazê sucesso fora. Deixa de bestaje, nóis nem sabe o portuguêis. 

Nóis somo é caipira pop. Nóis entra na chuva e nem móia, meu I love you, nóis é jeca mais é jóia.”

Jokerman





  • Você não entenderia minha piada. Pensa que apenas rio, e rio sem sentido,  como o mar, que parece não ter fim.


    • Não faço rir, sou um desajuste, um fruto verde que não vingou, um novelo embaralhado.

    • Você entende que eu sou a piada e ri do meu riso nervoso, do meu rosto trêmulo. Não me dá atencão, continua com as suas conversas no celular.

    • "Danço para a melodia do rouxinol
    • Pássaro, voe alto ao luar"
    • Depois volte e traga para dentro de mim a paz que nunca encontrei.

    • Sabe, eu descubro segredos, eu escondo meus medos, eu tenho uma máscara que me protege nos dias frios e nos dias quentes. Nos dias mornos eu morro.

    • Você nunca entenderia mesmo minha piada e o pior é que eu dependo do seu riso. Dependo da sua admiração,  dependo da sua atenção, pois a linha que te separa do riso é o tempo que não presta atenção em mim.

    • Eu sou um triste palhaço querendo avidamente agradar seu momento, mas não olhe apenas para minha fantasia. Leia meus pensamentos, decifre minha alma.

    • Só quero o remédio que controle esse meu riso torto e nervoso quando preciso estar solto e tranquilo. As cores me confundem, os olhos não me entendem, eles riem de mim. As luzes piscam demais.

    • Mas se é isso que eu quero, eu quero o quê? Que chorem de mim? Eu sou o comediante sem graça e trabalho duro. A plateia de homens sãos nem querem saber quanto eu ganho. Os pensamentos me saem e eu os vejo rindo da minha insanidade.

    • Durante o dia  não me fantasio, não preciso. A natureza de desconhecido se instalou sobre mim e eu espero a noite para me esconder mais uma vez. Durante o dia o invejoso procura saber do patrão do mal,  quanto eu recebo.

    • A noite é passageira, a vida é tão longa. Se eu soubesse o que não sei, seria melhor. O amor é desconhecido, a verdade me ronda, eu fujo mas ela me encontra. Preciso do meu esconderijo. 
    • Não!
    • Você não entenderia minha piada.

    • (Olinto Campos Vieira)

    sábado, 16 de novembro de 2019

    Luto

    Luto
    não porque morreu alguém
    Luto
    é de quem se abraça longamente
    e assim fica
    durante um tempo.
    Sem dia marcado
    nem cobranças
     ou choro.
    Nem laço preto no status. 
    Viver o luto é fazer um balanço da vida.
    Todo mundo precisa de si para entender o que se passa
    e o abraço é necessário.
    Luto
    para que a metáfora se corresponda.
    Luto
    para a porta que se fecha e se abre.
    Enquanto muitos choram, eu luto.
    Luto sempre, mas saio do luto pronto pois
    Luto pela vida.

    (Olinto Campos Vieira)

    segunda-feira, 11 de novembro de 2019

    Atalaia

    Bem no alto mar
    Tiraram o meu remo.
    Deixaram-me só,
    No ar, a jandaia.
    Chamei confiando
    no dono do céu
    Que olhava tudo
    Da sua Atalaia.
    Ele soprou o vento ,
    Que manso e tranquilo.
    levou o meu barco
    Para a beira da praia.

    (Olinto Campos Vieira)

    domingo, 10 de novembro de 2019

    "E a Nave vai..."

    Macro e micro foram misturados mas são fáceis de distingui-los.

    O que mais importava aos nossos ancestrais continua valendo.

    O amor ainda é tenro, desde quando existiu. Todo o movimento interior que causa hoje, causava antes.

    Pouca coisa mudou. Os numeros são os mesmos. Apenas multiplicaram.

    Eu vejo, sinto o gosto, o cheiro, ouço e toco. Da mesma maneira como era feito há mil, dois mil anos.

    Muda a maneira de sentir. Muda o jeito de agir. Mudaram algumas coisas. Mas não o essencial.

    O céu continua azul. Pessoas continuam sendo boas, outras ainda não. Sentimos sono e acordamos.

    Nascemos e quando for a hora, iremos. Praticamente da mesma forma.

    Macro e micro foram misturados mas ainda posso perceber a importância de cada um.

    "E a nave vai..."

    (Olinto Vieira)

    Flutuando como uma borboleta!

    Muhhamad Ali disse que era o maior de todos os tempos. Foi e é.

    Muhhamad disse que um campeão tinha que ser bonito e forte, rápido, incessante e
    que tudo é possível.

    E é verdade.

    Maduro , escolheu o bom Messias e pagou o preço.

    Muitos nem sabem quem é Muhhamad. Mas eu sei.

    Ele nao estava se orgulhando ou nao sendo humilde.

     I schok up the world!
     I schok up the world!
     I am the king of the world!

    É verdade!

    Viemos para chocar o mundo com nossa beleza original.
    Com nossa força original.
    Com o nosso pensamento sem laço.
    Com nossas palavras de luz.

    Estamos aqui para sermos naturalmente
     " Champ".

    Para destruir os bezerros de ouro como Ali fazia nos ringues da vida.
    Dançando ao redor deles, olhando, cansando, bailando, vencendo e falando que tinha falado que venceria.

    Ele foi um lutador no sentido maior do que se pode chamar de luta.

    Bailando, flutuando como borboleta.
    Fisgando como abelha.

    Muhhamad não venceu Liston, Williams, Cooper, Foster,  Frazier, Patterson, Terrel, Foreman.

    Nem perdeu para Smokin Joe.

    Venceu a si mesmo e perdeu para ensinar a vencer. Era um Muhhamad e nunca foi Clay.

    Muhhamad!!

    E era apenas um homem. A diferença é que nenhum homem é apenas mais um, quando decide nao ser.

    Confiantes, focados, olho no olho como Muhhamad Ali.

    Nos ringues da vida.

    E depois de tudo , morrer altivo, tremendo as mãos firmes diante de todos, sem vergonha nenhuma.

    Não como os falsos lutadores, mas com toda sua beleza que permaneceu,  seu olhar, seu exemplo.

    Todos um dia morreremos.

    Mas nao como Muhhamad Ali que preferiu esperar Moisés a adorar qualquer coisa.

    Maduro , escolheu o bom Messias e pagou o preço.

    Se viver é lutar, poderemos viver como Ali:

    "Float like a butterfly;

    (Olinto Campos Vieira)

    Filho do bruxo Araxes

    Busque na memória
    Ou em cada
    Ruga
    Cicatriz
    Noite.
    Em algum lugar
    Que te faça pensar.
    Procure
    Achar em você
    O homem que vendeu
    A fórmula
    A poção mágica
    No olhar ingênuo
    Crédulo, de quem
    O vê como
    Bruxo
    Guru
    Mágico
    Misterioso
    Feiticeiro
    Suavemente
    deslizante
    Qual serpente que
    Não deixa rastros.
    Verá que é
    humano
    Não como
    O humano comum.
    A si mesmo
    faz pensar
    Que é especial.
    Ou espacial
    De outra galáxia.
    É procurado
    e nao saberia
    viver sem isso.
    Mas saiba.
    É daqui
    e sofre
    Serenidade
    controladamente
    Iludida.
    Filho de Araxes
    Explode, calado
    Víbora que
    do veneno
    Tem a cura
    E nao quer curar.

    (Olinto Vieira)

    Distribuindo panfletos

    Sem noção, sigo distribuindo panfletos.
    As pessoas passam,
    os carros passam,
    eu passo, sigo, volto.

    Sem perceber, atropelo-me, me esbarro nas palavras, esparramo a voz do meu jeito, me atrapalho.

    Sem querer saber, me chamo na primeira pessoa do singular com a ansiedade plural dos afoitos.

    Sem me importar, entro em qualquer casa,  cheiro o chão,  urino nos cantos, marcando um falso território.

    E então,  alguém  me mostra algo que eu não conhecia, um espelho sem distorção.

    E de repente, não mais que de repente, me vejo, me enxergo, me olho, me sinto, me espanto.

    sou engolido por inteiro pelo espelho e desde então, vivo preso no que eu pensava ser e não quero sair.

    (Olinto Vieira)

    Cor de Rosa Morena

    A menina e o fusca cor de rosa nao estão em Abbey Road.

    O jeans no vestido azul de Laila tem flores. O fusca, desbotando, parece ter mais de 40.

    A igreja cor de rosa, deixa de ser cartão postal. As estrelas são a menina e o carro.

    Não há faixa de pedestres nem os quatro fabulosos.  Mas há a menina do vestido  jeans com flores.

    Na rua pessoas passam sem notar que tiraram o verde da árvore e o colocaram  na serra.

    E três  luminárias se preparam para,  à noite, não funcionar, deixando a lua iluminar o fusca cor de rosa e a minha Laila indigo blue.

    (Olinto Viera 2016)

    São de mim os versos que canto

    Devoto do santo amor, serei dele prisioneiro solto. Mesmo em mar revolto, estarei navegador

    Esperança viva, acesa. Pequeno ponto no mar, universo é minha defesa
    Certeza que irei chegar

    São de mim os versos que canto. É para mim a fé, o trabalho. Rendo graças ao que falho, de alegria é meu pranto.

    Onde chegar, peço firmeza. No porto do lugar escolhido. Pronto para servir sempre, tardio para ser servido.

    (Olinto Vieira)

    Assalto de tempo


    Perder tempo é o passatempo
    do ególatra.
    Cão que ladra
    A noite inteira!
    Dar-se importância
    é ser condenado
    por si mesmo.
    Encontrar
    o caminho da sanidade
    é agulha no palheiro. Pensar estar acompanhado
    e estar isolado
    do mundo inteiro.

    (Olinto Vieira)

    O homem automático

    O homem automático está por ai. Andando pelas ruas, ele sorri. E vive o seu momento emprestado; de outro homem que o tem dominado.

    Mas ele sorri. Preso na imensidão do tempo, ele sorri. Correntes invisíveis o prende ao chão. E ele, livre preso, aprende ilusão.

    O homem automático fala uma língua , um idioma robotizado, com palavras prontas. Se direciona onde o dedo alheio aponta. E ele sorri.

    Se sente à vontade, quer crescer. Escuta uma música, uma auto ajuda no automóvel. Ele vai salvar o mundo e o tempo passa. E ele só sorri e o mundo não muda.

    O homem automático tambem sabe chorar. Derrama lágrimas de dor procura alguém  pra falar, abrir o coraçao e dar o localizador do seu sentimento.

    No mapa,  os outros homens sabem como lidar. Palavras e atitudes, o que comer, com quem casar, que cor vestir, a roupa que usar.

    O homem automático se esqueceu, que tem um coraçao que sempre foi seu. Povoa o seu mundo de outros iguais, vivendo em um mundo de pessoas normais.

    E não conhece, nao sabe nem quer saber, que fabricou a doida que nao consegue viver, sem camisa de força, um ser metralhadora.

    Lunática psicose, Norman Bates, Marion e o banheiro. Formam seres que aprendem a perseguir. Transformam alegria em alergia.  Pensam em uma coisa só, 24 horas por dia.

    Cuidado com sua vida nesses tempos. Não seja um chip ou carro de controle, nem massa de manobra fingindo fazer o bem. Nem massa de manobra de seu ninguém.

    ( Olinto Vieira)

    Graça

    Sou um poeta escondido em tecnocrata. Faço poesia em dia útil, não escolho data.

     Ela não esta à venda, nem à caça. Para mim é cara, e por assim ser, faço de Graça.

    Algum dia eu reúno.

    (Olinto Vieira)

    Racional

    Se quer ser melhor do que  era, não pare um instante.
    não se apresse, não demore nem volte. Apenas seja constante.
    Não diga adeus por qualquer coisa.
    Não fique
    se não há mais estima.
    Premie seu coração
    de amor próprio. 
    Evite ópio, álcool, morfina.
    a lucidez é irmã do bom senso.
    Pondere, mas com firmeza
    Tenha limites nas palavras.
    Não seja o trator da incerteza
    Seja o fiel da balança
    Tenha a voz da esperança.
    Traga em tudo, clareza.

    (Olinto Vieira)

    Homem Avestruz

    Onde você vai quando se encontra contigo? Onde esta o que é de você, onde está seu umbigo?

    Enterrado no baú secreto a sete mil palmos do chão? Você tem que descer ao inferno da escuridão?

    Você não consegue dizer o que o coraçao sente. Se cala e olha para o nada. Avestruza-se, e esconde sua face adulterada.

    Onde é o lugar que esconde a chave de si mesmo? Ou perdeu e tenta se firmar bambeando a esmo?

    A mulher que te quis é aquela laranja feia metade, sem cheiro; feia metade de alguém nao supre quem não é inteiro.

    O seu esconderijo um dia sera descoberto, mano. A inteligência é pouca para tanto disfarce.

    Tem toda uma eternidade vivendo agachado, mano. Haverá o momento preciso para o desenlace.

    (Olinto Vieira)

    Mastigue mil vezes

    Mastigue primeiro cem vezes o que está em sua boca. Não faça como os poetas que distribuem palavras que parecem sem sentido. 

    Não seja como eles, que assim nasceram e são forjados com tempo, sorrisos, suor, lágrimas, sangue e muito mais e mais.

    Para eles as palavras dizem vida, na essência.  Não ha ex sensibilidade, não há desistência, não há penitência. Nada é em vão.

    Antes de tentar entender com olhos de limite viseira, amplie em mais existências sua compreensão e busque humildade, engula o que ia dizer.

    Afinal, mastigando mil vezes, houve tempo suficiente para pensar, ponderar, medir, se olhar, repensar, mais mastigar, regurgitar, se preciso . E engolir.

    Porque poetas são homens sem regras estabelecidas, ja contam com a licença Superior de descobrir rimando ou não, o segredo de desatar o nó de qualquer coraçao.

    Todos os que foram julgados por fanáticos e medíocres ficaram, e mais pobres estão os inquisidores que,  esquecidos, passam. E sem um bem praticado, apenas o bumerangue que voltou, após atirado.

    Não desafie, julgue, nem tente sentenciar os poetas, eles tem a chave da prisão, são libertos mesmo na masmorra mais escura.

     Tudo está claro para o verdadeiro poeta. Mas não o confunda com um que se promove dela para manter vaidade.

    Se és mediano, salve e Respeite os poetas! Você pode precisar deles algum dia e antes de que decida verá o que precisa com um poema narrando sua vida.

    (Olinto Vieira)

    Amor de pai


    Filho é inteiro todo amor. Todo filho é amor inteiro. Amor já é inteiro. É o chão, a terra, a flor. Um filho é para ser amado.
    Pai e filho companheiro.

    Guia é um pai cheio de sentimento bom. De querer que alguem cresça além de si. Ultrapasse, mas junto, perto, fortes, ora leão, ora bem-te-vi.

    E me perguntei como eu era antes de conhecer meu filho. Incompleto ainda mais. Vazio sem saber que era vazio. Pé e deserto. Frio, frio.

    E onde estava minha filha que tanto amo é um segredo que não preciso conhecer agora.  Como vivi sem ela? Um mistério, pois sei como fico quando ela chora. 

    Estarmos juntos é bom. É um mar de rosas e espinhos. Pois até ajustar a direção, dói pela falta de ciência. Pela lágrima causada, por palavra, ato, erro por inocência.

    Mas é escola maior. É doar sem intenção de receber. Dia a dia. Como assim, não vi crescer! Em cada pétala e cada ferida, aí está a riqueza de ser filho e pai em um só ser.

    ( Olinto Vieira)

    Quem inventou as digitais?

    O ser humano, é 
    Ar puro, bruma
    Vento leve, rosto
    Face a face, olho
    Mar afora, silêncio 
    Ritmo do mar, cadência
    Silvo da Floresta, orquestra.
    Animais que não  conhecemos.
    E os que ja são da família. 
    Os homens sabem
    algumas coisas.
    Mas não querem saber
    Quem nasceu primeiro
    O beijo ou o abraço? 
    Quem inventou a música?
    Qual foi a primeira flor?
    Quem inventou as digitais?
    Perguntas sem 
    pressa de resposta.
    O homem é o homem
    e a mulher. O homem;
    A humanidade. 
    Pois então, 
    Queira tudo
    que acrescenta o bem.
    Amigo, parceiro, irmão
    Companhia sem palavra
    Segurança e presença
    Humano, raça humana 
    Ser e sentir confiança.
    Apesar de tudo que
    não temos, 
    Não temas,
    Não há morte.
    E um dia
    Tudo será Paz.

    ( Olinto Vieira)

    quinta-feira, 12 de setembro de 2019

    Santa Marina ( Célia)

    Eu acredito nesse segundo 
    que até já passou e no que virá, já estando.
    Amanhã não acaba.

    Com a manhã,
    Tem padaria, cheiro de café, barulho, sinal de vida.
    Tem números
    Cores
    Agua
    Vinho
    Dinheiro
    Nuvens de algodão
    Estatísticas
    Matemática.
    Sexo
    Flores
    Tudo.

    Me diga frases feitas
    perfeitas
    Verdades;
    "O dia está bonito, a bonança virá, o bem sempre vence."
    Ser lugar comum não tem sido comum nesse lugar.
    Mas vivemos todos aqui
    e o que aconteceu
    de mais importante
    na vida de toda gente,
    é comum.
    Nascer
    Andar
    Respirar
    Amar
    Sofrer
    Chorar
    Todos nossos bilhões de vizinhos tem isso em comum e muito mais.
    Mesmo sem qualquer sentimento remetente,
    meu coraçao será um bom destinatário
    Não me importarei se atribuírem a outro,
    os versos meus.
    A vida vem mesmo "em ondas como o mar."
    Acredito em Santos,
    em Luz e
    na alegria que me toma para si.
    Hoje há força do bem
    ontem houve também.
    Por que amanhã não haverá?
    Acredito no ritmo do
    óbvio.
    Hoje não está
    acabando.
    Há fome e sede, sim.
    Que sempre haja
    E sejam saciadas.
    Nunca quero mata-las.
    As horas
    estão passando!
    Nasci na hora certa
    Sempre nascerei.
    Hoje
    É mais.
    É muito mais
    Do que eu possa
    Explicar.
    Hoje,
    Agora,
    Nesse minuto.
    Onde tudo acontece.

    Tantos anos depois,
    o velho
    Cneio Lucius
    Acordou sua Fé.
    Sem epitáfio,
    sem tristeza,
    Infinitamente.
    Sempre há tempo!

    Sim, há dor!
    Foi por ela que eu conheci o dia.
    Suportar é vencer
    Como Célia e Ciro
    nunca haverá ponto final

    ( Olinto Vieira)

    Alma não tem documento

    Alma não tem documento

    Pedigree é
    documento
    de cachorro,
    cavalo
    ou gato.
    Documento de raça
    De sangue,
    não de alma.
    Gente tem
    personalidade.
    Única forma
    de vida genuína
    do homem
    ter respeito de fato.
    Não existe ninguem
    Do mal ou do bem
    Todo mundo
    está se fazendo.
    Espírito não tem
    Pedigree.
    Mas existe o tolo
    O que não vai
    na frente.
    O que pega a linha
    Pela metade.
    Pega o bonde
    Andando e se acha
    O fino da bossa.
    Faz por que é
    empurrado.
    Mas gosta.
    Esse dita o que lhe
    É ditado, decorado
    Copiado, desenhado
    Sem precisar
    conhecer
    Sem precisar
    Ser pensado.
    Desses,
    milhões e milhões
    e milhões
    Estão sendo
    Formados.
    Não eu.

    (Olinto Vieira)

    sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

    Esperanza, no hay!

    Todo mundo comenta o beijo traído,
    O ministro banido, o ladrão do bandido.

    Todo mundo sabe de tudo um pouco
    e não se aprofunda no alto, jamais.

    Será que há profundidade em cima?

    Terá profundeza o meu coração?

    Aliás, "todo mundo" é gente demais
    comentando o pequeno deslize
    e a grande tragédia.

    Haverá alegria ou solitários  no banco de trás?

    Aqui,  país paraíso, não existe vulcão.
    A lama que corre é acidental, uma vez, duas vezes e outras tantas  mais.

    E o nosso torrão propala a paz cujo nome é o nome do condomínio eterno onde o mau descansa e o bom se desfaz.

    Não há terremoto nem furacão, mas há motoqueiros em dupla, em ação, "cuidado na esquina!".

     No outro dia bem cedo o nobre gari limpa o sangue no chão.

    "Viemos do Egito e muitas vezes ( sempre) tivemos que rezar":

    "Allah, Allah, Allah meu bom Allah", Jeová, Elohim, Yaveh, salve nossa terra,  mas nos salve de nós mesmos, meu bom Allah.

    Viemos do Egito, Portugal, Sudão e desde o berço aprendemos a dançar, falar, ganhar dinheiro, perder dinheiro,  morrer e matar.

    Não importa se a rima é pobre . A poesia é rica, é forte, é mel. Qualquer dela ficará mais do que todo assunto de hoje ( menos a do Michel )

    É assim!  Mesmo crua , isso aqui é poesia e em algum lugar deve ter uma rima, a água doce do rio tem estricnina escorre e soterra homens e animais.

    Todo mundo fala do presidente da confraria dos madeireiros do pau brasil , o que ele come, o que ele excreta, com  intimidade fenomenal.

     Uns falam bem, uns falam mal, sorrisos,  piadas, festa e carnaval.

    Falam da garota de programa da China, da freira de Maracay, da ramera da Venezuela, da   religiosa de Xangai.

    Falam de quase todos, e só   de pessoas; de gente que sobe, de gente que cai. 

    Mas não falam de coisas, de casas, lugares, nem nada de bom. " Esperanza no hay".

    A vida é ceifada sem explicação e o ator flagrado beijando outra moça vem humildemente respeitando o público e com grandeza de pulga, pede perdão.

    Com colhão, sem colhão,
     a vida privada é o prato do dia e a tatuagem é a nova RG.

    (Ate me peguei pensando em pagar um 'tribal tatoo' no pescoço por falta de ter algo bom para fazer.)

    O que ainda agora chamava atenção
    Amanhã se eu lembrar, alguem vai esquecer.

    O soluço do pai cujo filho sumiu, a Frota , a Fruta e a serpente sutil nao é mais importante que o beijo molhado, da atriz descerebrada e seu desencefálico galã viril.

    A última escalação, o milhão, o bilhão, o crack de bola e de pedra na mão.  O perfeito par feito perfeito idiota jamais produzido pela televisão.

    O grupo do zap,  o face do cão tem oito bi seguidores postando "bom dia" e o Montenegro, o eterno chato,  cantando a nossa infinda agonia.

    A visão azulada da rede na mão, o assunto rasante é dinheiro, política e cobra. Se não for nada disso, tem tempo de sobra.

    Fazenda tesouro, ganhando o pão
    Morrendo de fome na multidão
    comentando elétrico, a traição
    do galã varonil que abalou a nação.

    Agora eu pergunto, ainda há esperança? Ainda há algo Justo e Perfeito? ainda há esperança, meu Grande Irmão??

    ( Olinto Campos Vieira)

    O Horizonte

    O ponto de partida
    é o ponto de chegada
    Comemorado ou ignorado
    por ele ou por ela
    É onde se conseguiu chegar
    Onde se decidiu começar
    Cansou, respirou, prosseguiu.
    Exausto, parou, desistiu.
    Eu, ela, você
    Aqui dentro
    Lá fora
    Um limite para ver
    O horizonte do agora.
    Um local para derramar
    O sal na terra,
    Um lamento,
    Um sorriso,
    Uma vitória
    Uma história para contar
    Outra para viver
    Outra para guardar na memória
    Há vidas que guardam limites
    Como  marco zero  de uma trajetória
    Linha invisível, para uns aparente
    Do fruto, a semente
    Que definha ou germina
    Há quem exige e quem implora.
    Na vida, só há diamantes
    Mesmo que se sintam
    escória.

    quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

    Ciclo


    Os Homens já chegam com certeza do Adeus
    Os filhos crescem e se transformam em pais.
    Os pais crescem com o dever da paz.
    A paz cresce e forma o nome de Deus.

    quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

    Vida que segue

    Todos dizem “vida que segue”
    e o suor escorre nos rostos cansados e sérios.
    Movimentos  frenéticos de bicicletas e esteiras de academia;
    Cansaço extremo sem sair do lugar.
    Tudo conectado ao “vida que segue” como o filme de nossas vidas,
    feito pelos donos sem face das redes sociais.
    E tudo isso com o recado subliminar:
    “ Eu sei o que você fez no segundo passado”
    A vida segue sem ir a nenhum lugar,
    pois não vivemos as nossas vidas.
    Falamos dos homens poderosos e inacessíveis
    com incrível intimidade, chamando pelo primeiro nome.
    E da mesma forma falávamos há dez anos
    com os outrora poderosos inacessíveis
    que hoje já são anônimos.
    O capitalismo é atraso, socialismo à vista.
    O Socialismo é atraso, capitalismo é o novo.
    Trocamos Marx por Mark;
    Encampamos a ditadura do pre letrariado.
    Não se acredita mais nem em Adão e Eva,  quanto mais Adam Smith;
    mas o fruto que a serpente ofereceu tem grife;
    com mordidinha e tudo.
    Apple não é mais o pseudofruto pomáceo da macieira.
    Galaxy não é mais um sistema estelar isolado no espaço cósmico.
    Somos buchas de canhão e se não há nada de novo na guerra,
    vamos ficar  zapeando no front.
    Se nao há mais manchetes do dia, eu mesmo faço a minha:
    “Fulano de tal está se sentindo entediado na linha de frente da guerra”
    Na correria em círculo vicioso, tudo é noticia em tempo real.
    E todas elas mudam;
    fazem famosos a cada 15 segundos, na vanguarda da profecia de Andy Warhol.
    O namorado sem nome da apresentadora frequenta o imaginário popular e atualiza o Genival:
    "Ele está de olho é na butique dela."
    A volta dos que não foram é o filme do momento.
    A coluna social virou policial, o que não é novidade.
    Ambas não vendem jornal pois não existe jornal.
    E o que interessa não é o que interessa.
    Laudas e laudas são escritas e em seguida apagadas;
    Afinal, a memória importante é do aparelho e não a minha.
    E no toca fitas do meu carro,  procuro no “dial” do meu dente azul
    alguma música que preste.
    Um refrão ecoa, irritante e ininterrupto :
    “O nome dele é Zuckerberg
    Encontrei ele no face

    O nome dele é Zuckerberg
    Encontrei ele no face”

    ( Olinto Campos Vieira)

    Fevereiro - Matilde Campilho


     Escute só, isto é muito sério.

    Anda, escuta que isso é sério!

    O mundo está tremendamente esquisito. Há dez anos atrás o Leon me disse que existe uma rachadura em tudo e que é assim que a luz entra, não sei se entendi. Você percebe alguma coisa da mistura entre falhas e iluminação?

    Aliás, me diga, você percebe alguma coisa de carpintaria? Você sabe por que meteram um boi naquele estábulo ao invés de um pequeno rinoceronte? Deve ter tido alguma coisa a ver com a geografia. Ou com os felizmente insolussionáveis mistérios que só podem vir do misticismo asiático. Um boi é um bicho tão… inexplicável. Ainda bem.

    O amor é um animal tão mutante, com tantas divisões possíveis. Lembra daqueles termômetros que usávamos na boca quando éramos pequenininhos? Lembra da queda deles no chão?

    Então, acho que o amor quando aparece é em tudo semelhante à forma física do mercúrio no mundo. Quando o vidro do termômetro se quebra, o elemento químico se espalha e então ele fica se dividindo pelos salões de todas as festas. Mercúrio se multiplicando. Acho que deve ser isso uma das cinco mil explicações possíveis para o amor.

    Ah é! Eu gosto de você. A luz entrou torta por nós a dentro, mas, olha, eu gosto de você! A luz do verão passado quebrou o vidro da melancolia e agora ela fica se expandindo pelas ruas todas. Desde aquele outro lado do Sol até esse tremendo agora.

    Hoje ainda faz bastante frio. As cinzas ainda não aterraram sobre as cabeças disfarçadas, tem gente batucando suor e cerveja pelas ruas de nossa cidade sul. Na cidade norte, há ondas de sete metros tentando acertar no terceiro olho dos rapazinhos disfarçados de cowboys.

    O mestre ainda não veio decretar o começo da abstenção e, olha, a luz ainda está conosco. Sim, o mundo está absurdamente esquisito. Já ninguém confia nas imposições dos prefeitos, a esta hora na terra é um tanto carnaval, um tanto conspiração, um tanto medo. Metade fé, metade folia, metade desespero. E, provavelmente, a esta hora, uma metade do mundo está vencendo e a outra metade dormindo, há ainda outra metade limpando as armas, outra limpando o pó das flores. Mas, por causa do que me ensinou o místico, eu acredito que exista, agora, alguém profundamente acordado. Alguém que esteja vivendo entre o intervalo tênue entre o sonho e a agilidade. Suponho que ele saiba perfeitamente que este começo de século será nosso batismo do voô para nossa persistência no amor.João molhou a testa de Manuel. Os gritos das ruas molham as testas de nossos corações.

    De que lado você está, eu não me importo! De que garfo você come, de que copo você bebe, que posto certo você escolhe, qual é seu orixá, seu partido, sua altura, de qual de suas cicatrizes cuida, que pássaro você prefere, quem é seu pai, qual é seu samba, Pinot noir ou Chardonay, que protetor você usa, qual é sua pele, seu perfume, qual político, quantos amores você sonha, em que Fernando, em que Ofélia, em que cinema, em que bandeira, em que cabelo você mora, qual dos túneis de Copacabana. Rezo para seus santos quando atravessar.

    É… é impossível viver no país de Deus. Isso eu te dou de barato. Mas, atravessar o gramado de Deus em bicicleta, isso não é impossível, não.

    Escuta, isso é sério!

    Andamos crescendo juntos, distraidamente. As árvores crescem conosco.

    Nossa pele se estende, nosso entendimento, teso, também. O século cresce conosco. O amor pelas ventas da cara do mundo, também.

    Quanto a um pra um entre nós dois, isso logo se vê. Não sei nada sobre a paixão, suspeito que você também não. Mas, começo a entender que o compasso da fé está mudando a passos largos. Dois pra lá e dois pra cá.

    Portanto, escute.

    Isto é muito serio!

    Isto é uma proposta aos trinta anos.

    Agora que o mercúrio assumiu sua posição certa, vem comigo achar o meu trono mágico entre a folhagem. E, no caminho até lá, vem dançar comigo, vem!