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sexta-feira, 29 de novembro de 2019
Deus, Deus meu
Sei que muito ganhei
E ganho a cada dia
Mas tambem sei das renúncias que cortam minha alegria.
Do frio de minha terra, das noites de música e sono, que perdi com ponta de angústia.
Deus, Deus meu!
Perdoe a ingratidão, do pão sagrado que ganho
De amigos sinceros que tenho e essa vontade insana de ir embora pra longe.
Deus, Deus meu. Deveria render-te graças, deveria erguer as taças em uma vibração sem fim.
Deveria dizer o seu nome em tudo que há em minha vida.
Vejo clara sua mão
a mim estendida.
Deus, Deus meu
(Olinto
Vieira)
Céu de Brigadeiro
chuva de lavar
levando,
sol do meio dia.
Lá embaixo,
o homem andando.
Tece planos
enquanto o Universo
espera, se expandindo
Gradual.
O homem não sabe;
O homem tem certeza;
O homem acha;
O homem nem pensa;
Alguns imaginam
Em outros, dormência.
O infinito não é maior que o homem.
Quantifique isso!
Nem a natureza
em cor,
em harmonia
em beleza,
é maior que o homem.
O homem mau que
aprende a amar
É a mais alta alquimia.
A transformação
mais sublime.
O verdadeiro Ouro
A tradução do Azul
O brilho da luz.
Um dia depois de
Outro dia.
O homem inimigo
trama, erra
Machuca, faz mal.
Um dia, para.
Se depara consigo
Reflete.
Vê.
Se assusta.
Chora.
Chora.
Corre e abraça
Pede perdão.
Dá a mão
Baixa a guarda.
Nenhum fenômeno da natureza supera essa mudança.
Aprender amar é a verdadeira expansão
do Universo.
( Olinto Vieira)
Dezenove de Julho
de triste porém necessário, e o fiz sem conforto; por nobre missão de filho ?
Carregar o caixão do pai morto.
Foi uma terça ou quarta feira, e eu recebendo as pessoas. Os amigos tambem que eram dele, alguns com olhar absorto, olhando o rosto sem vida, no caixão do meu pai, já morto.
Nesse dia de despedida, homenagens da terra natal, oitenta anos de amigos, e eu procurando um porto, encontrava sem querer os meus olhos, na Acácia Amarela juncada no caixão do meu pai, corpo morto.
E o relógio parado no tempo, na manhã que nunca terminava. Meus irmãos, minha mãe, meus tios, meus primos, minha tia mais velha, abalada, triste, um jeito afoito, conversando com o irmão mais novo, o meu pai, que jazia morto.
E na hora, às cinco da tarde, ritual Justo e Perfeito, torcemos os parafusos, cuidadosos subimos o horto, só aí desatei-me no choro. Despedi do meu velho pai morto.
( Olinto Vieira)
domingo, 24 de novembro de 2019
Ser Feliz
Ser feliz na espera.
Ser feliz de espera
Ser feliz desespera
Ser feliz não é orgasmo, dinheiro, mergulho.
Ser feliz sem segredo.
Nem euforia, viagem, barulho.
Nem a alegria falsificada, momento. Festa lá fora e depressão aqui dentro.
Sê feliz, não julgue
Sê feliz, não ironize
Sê feliz, não cult
Sê feliz, se sensibilize.
Sê feliz, compreenda
Sê feliz, esteja em paz
Sê feliz, sem contenda
Sê feliz, faça mais.
É ter tempo, e ele esta aí. E dentro dele, ter tempo para si.
É preferir amor real!
É renunciar, se preciso. Mesmo sozinho na nau.
Felicidade sem guizo.
Ser feliz não é flórida.
Ser feliz é saber somar .
Nem chantagem
Nem bagagem
Nem o último tipo
Lap top, android, lipo.
Ser feliz é para mim o que sei e para você pode ser o que falei.
(Olinto Vieira)
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
Todo mundo precisa de feedback
Jokerman
- Não faço rir, sou um desajuste, um fruto verde que não vingou, um novelo embaralhado.
- Você entende que eu sou a piada e ri do meu riso nervoso, do meu rosto trêmulo. Não me dá atencão, continua com as suas conversas no celular.
- "Danço para a melodia do rouxinol
- Pássaro, voe alto ao luar"
- Depois volte e traga para dentro de mim a paz que nunca encontrei.
- Sabe, eu descubro segredos, eu escondo meus medos, eu tenho uma máscara que me protege nos dias frios e nos dias quentes. Nos dias mornos eu morro.
- Você nunca entenderia mesmo minha piada e o pior é que eu dependo do seu riso. Dependo da sua admiração, dependo da sua atenção, pois a linha que te separa do riso é o tempo que não presta atenção em mim.
- Eu sou um triste palhaço querendo avidamente agradar seu momento, mas não olhe apenas para minha fantasia. Leia meus pensamentos, decifre minha alma.
- Só quero o remédio que controle esse meu riso torto e nervoso quando preciso estar solto e tranquilo. As cores me confundem, os olhos não me entendem, eles riem de mim. As luzes piscam demais.
- Mas se é isso que eu quero, eu quero o quê? Que chorem de mim? Eu sou o comediante sem graça e trabalho duro. A plateia de homens sãos nem querem saber quanto eu ganho. Os pensamentos me saem e eu os vejo rindo da minha insanidade.
- Durante o dia não me fantasio, não preciso. A natureza de desconhecido se instalou sobre mim e eu espero a noite para me esconder mais uma vez. Durante o dia o invejoso procura saber do patrão do mal, quanto eu recebo.
- A noite é passageira, a vida é tão longa. Se eu soubesse o que não sei, seria melhor. O amor é desconhecido, a verdade me ronda, eu fujo mas ela me encontra. Preciso do meu esconderijo.
- Não!
- Você não entenderia minha piada.
- (Olinto Campos Vieira)
sábado, 16 de novembro de 2019
Luto
não porque morreu alguém
Luto
é de quem se abraça longamente
e assim fica
durante um tempo.
Sem dia marcado
nem cobranças
ou choro.
Nem laço preto no status.
Viver o luto é fazer um balanço da vida.
Todo mundo precisa de si para entender o que se passa
e o abraço é necessário.
Luto
para que a metáfora se corresponda.
Luto
para a porta que se fecha e se abre.
Enquanto muitos choram, eu luto.
Luto sempre, mas saio do luto pronto pois
Luto pela vida.
(Olinto Campos Vieira)
segunda-feira, 11 de novembro de 2019
Atalaia
Tiraram o meu remo.
Deixaram-me só,
No ar, a jandaia.
Chamei confiando
no dono do céu
Que olhava tudo
Da sua Atalaia.
Ele soprou o vento ,
Que manso e tranquilo.
levou o meu barco
Para a beira da praia.
(Olinto Campos Vieira)
domingo, 10 de novembro de 2019
"E a Nave vai..."
O que mais importava aos nossos ancestrais continua valendo.
O amor ainda é tenro, desde quando existiu. Todo o movimento interior que causa hoje, causava antes.
Pouca coisa mudou. Os numeros são os mesmos. Apenas multiplicaram.
Eu vejo, sinto o gosto, o cheiro, ouço e toco. Da mesma maneira como era feito há mil, dois mil anos.
Muda a maneira de sentir. Muda o jeito de agir. Mudaram algumas coisas. Mas não o essencial.
O céu continua azul. Pessoas continuam sendo boas, outras ainda não. Sentimos sono e acordamos.
Nascemos e quando for a hora, iremos. Praticamente da mesma forma.
Macro e micro foram misturados mas ainda posso perceber a importância de cada um.
"E a nave vai..."
(Olinto Vieira)
Flutuando como uma borboleta!
Muhhamad disse que um campeão tinha que ser bonito e forte, rápido, incessante e
que tudo é possível.
E é verdade.
Maduro , escolheu o bom Messias e pagou o preço.
Muitos nem sabem quem é Muhhamad. Mas eu sei.
Ele nao estava se orgulhando ou nao sendo humilde.
I schok up the world!
I schok up the world!
I am the king of the world!
É verdade!
Viemos para chocar o mundo com nossa beleza original.
Com nossa força original.
Com o nosso pensamento sem laço.
Com nossas palavras de luz.
Estamos aqui para sermos naturalmente
" Champ".
Para destruir os bezerros de ouro como Ali fazia nos ringues da vida.
Dançando ao redor deles, olhando, cansando, bailando, vencendo e falando que tinha falado que venceria.
Ele foi um lutador no sentido maior do que se pode chamar de luta.
Bailando, flutuando como borboleta.
Fisgando como abelha.
Muhhamad não venceu Liston, Williams, Cooper, Foster, Frazier, Patterson, Terrel, Foreman.
Nem perdeu para Smokin Joe.
Venceu a si mesmo e perdeu para ensinar a vencer. Era um Muhhamad e nunca foi Clay.
Muhhamad!!
E era apenas um homem. A diferença é que nenhum homem é apenas mais um, quando decide nao ser.
Confiantes, focados, olho no olho como Muhhamad Ali.
Nos ringues da vida.
E depois de tudo , morrer altivo, tremendo as mãos firmes diante de todos, sem vergonha nenhuma.
Não como os falsos lutadores, mas com toda sua beleza que permaneceu, seu olhar, seu exemplo.
Todos um dia morreremos.
Mas nao como Muhhamad Ali que preferiu esperar Moisés a adorar qualquer coisa.
Maduro , escolheu o bom Messias e pagou o preço.
Se viver é lutar, poderemos viver como Ali:
"Float like a butterfly;
(Olinto Campos Vieira)
Filho do bruxo Araxes
Ou em cada
Ruga
Cicatriz
Noite.
Em algum lugar
Que te faça pensar.
Procure
Achar em você
O homem que vendeu
A fórmula
A poção mágica
No olhar ingênuo
Crédulo, de quem
O vê como
Bruxo
Guru
Mágico
Misterioso
Feiticeiro
Suavemente
deslizante
Qual serpente que
Não deixa rastros.
Verá que é
humano
Não como
O humano comum.
A si mesmo
faz pensar
Que é especial.
Ou espacial
De outra galáxia.
É procurado
e nao saberia
viver sem isso.
Mas saiba.
É daqui
e sofre
Serenidade
controladamente
Iludida.
Filho de Araxes
Explode, calado
Víbora que
do veneno
Tem a cura
E nao quer curar.
(Olinto Vieira)
Distribuindo panfletos
As pessoas passam,
os carros passam,
eu passo, sigo, volto.
Sem perceber, atropelo-me, me esbarro nas palavras, esparramo a voz do meu jeito, me atrapalho.
Sem querer saber, me chamo na primeira pessoa do singular com a ansiedade plural dos afoitos.
Sem me importar, entro em qualquer casa, cheiro o chão, urino nos cantos, marcando um falso território.
E então, alguém me mostra algo que eu não conhecia, um espelho sem distorção.
E de repente, não mais que de repente, me vejo, me enxergo, me olho, me sinto, me espanto.
sou engolido por inteiro pelo espelho e desde então, vivo preso no que eu pensava ser e não quero sair.
(Olinto Vieira)
Cor de Rosa Morena
O jeans no vestido azul de Laila tem flores. O fusca, desbotando, parece ter mais de 40.
A igreja cor de rosa, deixa de ser cartão postal. As estrelas são a menina e o carro.
Não há faixa de pedestres nem os quatro fabulosos. Mas há a menina do vestido jeans com flores.
Na rua pessoas passam sem notar que tiraram o verde da árvore e o colocaram na serra.
E três luminárias se preparam para, à noite, não funcionar, deixando a lua iluminar o fusca cor de rosa e a minha Laila indigo blue.
(Olinto Viera 2016)
São de mim os versos que canto
Esperança viva, acesa. Pequeno ponto no mar, universo é minha defesa
Certeza que irei chegar
São de mim os versos que canto. É para mim a fé, o trabalho. Rendo graças ao que falho, de alegria é meu pranto.
Onde chegar, peço firmeza. No porto do lugar escolhido. Pronto para servir sempre, tardio para ser servido.
(Olinto Vieira)
Assalto de tempo
Perder tempo é o passatempo
do ególatra.
Cão que ladra
A noite inteira!
Dar-se importância
é ser condenado
por si mesmo.
Encontrar
o caminho da sanidade
é agulha no palheiro. Pensar estar acompanhado
e estar isolado
do mundo inteiro.
(Olinto Vieira)
O homem automático
Mas ele sorri. Preso na imensidão do tempo, ele sorri. Correntes invisíveis o prende ao chão. E ele, livre preso, aprende ilusão.
O homem automático fala uma língua , um idioma robotizado, com palavras prontas. Se direciona onde o dedo alheio aponta. E ele sorri.
Se sente à vontade, quer crescer. Escuta uma música, uma auto ajuda no automóvel. Ele vai salvar o mundo e o tempo passa. E ele só sorri e o mundo não muda.
O homem automático tambem sabe chorar. Derrama lágrimas de dor procura alguém pra falar, abrir o coraçao e dar o localizador do seu sentimento.
No mapa, os outros homens sabem como lidar. Palavras e atitudes, o que comer, com quem casar, que cor vestir, a roupa que usar.
O homem automático se esqueceu, que tem um coraçao que sempre foi seu. Povoa o seu mundo de outros iguais, vivendo em um mundo de pessoas normais.
E não conhece, nao sabe nem quer saber, que fabricou a doida que nao consegue viver, sem camisa de força, um ser metralhadora.
Lunática psicose, Norman Bates, Marion e o banheiro. Formam seres que aprendem a perseguir. Transformam alegria em alergia. Pensam em uma coisa só, 24 horas por dia.
Cuidado com sua vida nesses tempos. Não seja um chip ou carro de controle, nem massa de manobra fingindo fazer o bem. Nem massa de manobra de seu ninguém.
( Olinto Vieira)
Graça
Ela não esta à venda, nem à caça. Para mim é cara, e por assim ser, faço de Graça.
Algum dia eu reúno.
(Olinto Vieira)
Racional
não se apresse, não demore nem volte. Apenas seja constante.
Não diga adeus por qualquer coisa.
Não fique
se não há mais estima.
Premie seu coração
de amor próprio.
Evite ópio, álcool, morfina.
a lucidez é irmã do bom senso.
Pondere, mas com firmeza
Tenha limites nas palavras.
Não seja o trator da incerteza
Seja o fiel da balança
Tenha a voz da esperança.
Traga em tudo, clareza.
(Olinto Vieira)
Homem Avestruz
Enterrado no baú secreto a sete mil palmos do chão? Você tem que descer ao inferno da escuridão?
Você não consegue dizer o que o coraçao sente. Se cala e olha para o nada. Avestruza-se, e esconde sua face adulterada.
Onde é o lugar que esconde a chave de si mesmo? Ou perdeu e tenta se firmar bambeando a esmo?
A mulher que te quis é aquela laranja feia metade, sem cheiro; feia metade de alguém nao supre quem não é inteiro.
O seu esconderijo um dia sera descoberto, mano. A inteligência é pouca para tanto disfarce.
Tem toda uma eternidade vivendo agachado, mano. Haverá o momento preciso para o desenlace.
(Olinto Vieira)
Mastigue mil vezes
Mastigue primeiro cem vezes o que está em sua boca. Não faça como os poetas que distribuem palavras que parecem sem sentido.
Não seja como eles, que assim nasceram e são forjados com tempo, sorrisos, suor, lágrimas, sangue e muito mais e mais.
Para eles as palavras dizem vida, na essência. Não ha ex sensibilidade, não há desistência, não há penitência. Nada é em vão.
Antes de tentar entender com olhos de limite viseira, amplie em mais existências sua compreensão e busque humildade, engula o que ia dizer.
Afinal, mastigando mil vezes, houve tempo suficiente para pensar, ponderar, medir, se olhar, repensar, mais mastigar, regurgitar, se preciso . E engolir.
Porque poetas são homens sem regras estabelecidas, ja contam com a licença Superior de descobrir rimando ou não, o segredo de desatar o nó de qualquer coraçao.
Todos os que foram julgados por fanáticos e medíocres ficaram, e mais pobres estão os inquisidores que, esquecidos, passam. E sem um bem praticado, apenas o bumerangue que voltou, após atirado.
Não desafie, julgue, nem tente sentenciar os poetas, eles tem a chave da prisão, são libertos mesmo na masmorra mais escura.
Tudo está claro para o verdadeiro poeta. Mas não o confunda com um que se promove dela para manter vaidade.
Se és mediano, salve e Respeite os poetas! Você pode precisar deles algum dia e antes de que decida verá o que precisa com um poema narrando sua vida.
(Olinto Vieira)
Amor de pai
Filho é inteiro todo amor. Todo filho é amor inteiro. Amor já é inteiro. É o chão, a terra, a flor. Um filho é para ser amado.
Pai e filho companheiro.
Guia é um pai cheio de sentimento bom. De querer que alguem cresça além de si. Ultrapasse, mas junto, perto, fortes, ora leão, ora bem-te-vi.
E me perguntei como eu era antes de conhecer meu filho. Incompleto ainda mais. Vazio sem saber que era vazio. Pé e deserto. Frio, frio.
E onde estava minha filha que tanto amo é um segredo que não preciso conhecer agora. Como vivi sem ela? Um mistério, pois sei como fico quando ela chora.
Estarmos juntos é bom. É um mar de rosas e espinhos. Pois até ajustar a direção, dói pela falta de ciência. Pela lágrima causada, por palavra, ato, erro por inocência.
Mas é escola maior. É doar sem intenção de receber. Dia a dia. Como assim, não vi crescer! Em cada pétala e cada ferida, aí está a riqueza de ser filho e pai em um só ser.
( Olinto Vieira)
Quem inventou as digitais?
O ser humano, é
quinta-feira, 12 de setembro de 2019
Santa Marina ( Célia)
Tem padaria, cheiro de café, barulho, sinal de vida.
Cores
Agua
Vinho
Dinheiro
Nuvens de algodão
Estatísticas
Matemática.
Sexo
Flores
Tudo.
perfeitas
Verdades;
e o que aconteceu
de mais importante
na vida de toda gente,
é comum.
Andar
Respirar
Amar
Sofrer
Chorar
meu coraçao será um bom destinatário
Não me importarei se atribuírem a outro,
em Luz e
na alegria que me toma para si.
ontem houve também.
Por que amanhã não haverá?
Acredito no ritmo do
óbvio.
acabando.
Há fome e sede, sim.
Que sempre haja
E sejam saciadas.
Nunca quero mata-las.
estão passando!
Nasci na hora certa
Sempre nascerei.
É mais.
É muito mais
Do que eu possa
Explicar.
Agora,
Nesse minuto.
Onde tudo acontece.
Tantos anos depois,
o velho
Cneio Lucius
Acordou sua Fé.
sem tristeza,
Infinitamente.
Sempre há tempo!
Foi por ela que eu conheci o dia.
Como Célia e Ciro
nunca haverá ponto final
Alma não tem documento
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019
Esperanza, no hay!
O ministro banido, o ladrão do bandido.
Todo mundo sabe de tudo um pouco
e não se aprofunda no alto, jamais.
Será que há profundidade em cima?
Terá profundeza o meu coração?
Aliás, "todo mundo" é gente demais
comentando o pequeno deslize
e a grande tragédia.
Haverá alegria ou solitários no banco de trás?
Aqui, país paraíso, não existe vulcão.
A lama que corre é acidental, uma vez, duas vezes e outras tantas mais.
E o nosso torrão propala a paz cujo nome é o nome do condomínio eterno onde o mau descansa e o bom se desfaz.
Não há terremoto nem furacão, mas há motoqueiros em dupla, em ação, "cuidado na esquina!".
No outro dia bem cedo o nobre gari limpa o sangue no chão.
"Viemos do Egito e muitas vezes ( sempre) tivemos que rezar":
"Allah, Allah, Allah meu bom Allah", Jeová, Elohim, Yaveh, salve nossa terra, mas nos salve de nós mesmos, meu bom Allah.
Viemos do Egito, Portugal, Sudão e desde o berço aprendemos a dançar, falar, ganhar dinheiro, perder dinheiro, morrer e matar.
Não importa se a rima é pobre . A poesia é rica, é forte, é mel. Qualquer dela ficará mais do que todo assunto de hoje ( menos a do Michel )
É assim! Mesmo crua , isso aqui é poesia e em algum lugar deve ter uma rima, a água doce do rio tem estricnina escorre e soterra homens e animais.
Todo mundo fala do presidente da confraria dos madeireiros do pau brasil , o que ele come, o que ele excreta, com intimidade fenomenal.
Uns falam bem, uns falam mal, sorrisos, piadas, festa e carnaval.
Falam da garota de programa da China, da freira de Maracay, da ramera da Venezuela, da religiosa de Xangai.
Falam de quase todos, e só de pessoas; de gente que sobe, de gente que cai.
Mas não falam de coisas, de casas, lugares, nem nada de bom. " Esperanza no hay".
A vida é ceifada sem explicação e o ator flagrado beijando outra moça vem humildemente respeitando o público e com grandeza de pulga, pede perdão.
Com colhão, sem colhão,
a vida privada é o prato do dia e a tatuagem é a nova RG.
(Ate me peguei pensando em pagar um 'tribal tatoo' no pescoço por falta de ter algo bom para fazer.)
O que ainda agora chamava atenção
Amanhã se eu lembrar, alguem vai esquecer.
O soluço do pai cujo filho sumiu, a Frota , a Fruta e a serpente sutil nao é mais importante que o beijo molhado, da atriz descerebrada e seu desencefálico galã viril.
A última escalação, o milhão, o bilhão, o crack de bola e de pedra na mão. O perfeito par feito perfeito idiota jamais produzido pela televisão.
O grupo do zap, o face do cão tem oito bi seguidores postando "bom dia" e o Montenegro, o eterno chato, cantando a nossa infinda agonia.
A visão azulada da rede na mão, o assunto rasante é dinheiro, política e cobra. Se não for nada disso, tem tempo de sobra.
Fazenda tesouro, ganhando o pão
Morrendo de fome na multidão
comentando elétrico, a traição
do galã varonil que abalou a nação.
Agora eu pergunto, ainda há esperança? Ainda há algo Justo e Perfeito? ainda há esperança, meu Grande Irmão??
( Olinto Campos Vieira)
O Horizonte
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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
Ciclo
Os Homens já chegam com certeza do Adeus
Os filhos crescem e se transformam em pais.
Os pais crescem com o dever da paz.
A paz cresce e forma o nome de Deus.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
Vida que segue
e o suor escorre nos rostos cansados e sérios.
Movimentos frenéticos de bicicletas e esteiras de academia;
Cansaço extremo sem sair do lugar.
Tudo conectado ao “vida que segue” como o filme de nossas vidas,
feito pelos donos sem face das redes sociais.
E tudo isso com o recado subliminar:
“ Eu sei o que você fez no segundo passado”
A vida segue sem ir a nenhum lugar,
pois não vivemos as nossas vidas.
Falamos dos homens poderosos e inacessíveis
com incrível intimidade, chamando pelo primeiro nome.
E da mesma forma falávamos há dez anos
com os outrora poderosos inacessíveis
que hoje já são anônimos.
O capitalismo é atraso, socialismo à vista.
O Socialismo é atraso, capitalismo é o novo.
Trocamos Marx por Mark;
Encampamos a ditadura do pre letrariado.
Não se acredita mais nem em Adão e Eva, quanto mais Adam Smith;
mas o fruto que a serpente ofereceu tem grife;
com mordidinha e tudo.
Apple não é mais o pseudofruto pomáceo da macieira.
Galaxy não é mais um sistema estelar isolado no espaço cósmico.
Somos buchas de canhão e se não há nada de novo na guerra,
vamos ficar zapeando no front.
Se nao há mais manchetes do dia, eu mesmo faço a minha:
“Fulano de tal está se sentindo entediado na linha de frente da guerra”
Na correria em círculo vicioso, tudo é noticia em tempo real.
E todas elas mudam;
fazem famosos a cada 15 segundos, na vanguarda da profecia de Andy Warhol.
O namorado sem nome da apresentadora frequenta o imaginário popular e atualiza o Genival:
"Ele está de olho é na butique dela."
A volta dos que não foram é o filme do momento.
A coluna social virou policial, o que não é novidade.
Ambas não vendem jornal pois não existe jornal.
E o que interessa não é o que interessa.
Laudas e laudas são escritas e em seguida apagadas;
Afinal, a memória importante é do aparelho e não a minha.
E no toca fitas do meu carro, procuro no “dial” do meu dente azul
alguma música que preste.
Um refrão ecoa, irritante e ininterrupto :
“O nome dele é Zuckerberg
Encontrei ele no face
O nome dele é Zuckerberg
Encontrei ele no face”
( Olinto Campos Vieira)
Fevereiro - Matilde Campilho
Anda, escuta que isso é sério!
O mundo está tremendamente esquisito. Há dez anos atrás o Leon me disse que existe uma rachadura em tudo e que é assim que a luz entra, não sei se entendi. Você percebe alguma coisa da mistura entre falhas e iluminação?
Aliás, me diga, você percebe alguma coisa de carpintaria? Você sabe por que meteram um boi naquele estábulo ao invés de um pequeno rinoceronte? Deve ter tido alguma coisa a ver com a geografia. Ou com os felizmente insolussionáveis mistérios que só podem vir do misticismo asiático. Um boi é um bicho tão… inexplicável. Ainda bem.
O amor é um animal tão mutante, com tantas divisões possíveis. Lembra daqueles termômetros que usávamos na boca quando éramos pequenininhos? Lembra da queda deles no chão?
Então, acho que o amor quando aparece é em tudo semelhante à forma física do mercúrio no mundo. Quando o vidro do termômetro se quebra, o elemento químico se espalha e então ele fica se dividindo pelos salões de todas as festas. Mercúrio se multiplicando. Acho que deve ser isso uma das cinco mil explicações possíveis para o amor.
Ah é! Eu gosto de você. A luz entrou torta por nós a dentro, mas, olha, eu gosto de você! A luz do verão passado quebrou o vidro da melancolia e agora ela fica se expandindo pelas ruas todas. Desde aquele outro lado do Sol até esse tremendo agora.
Hoje ainda faz bastante frio. As cinzas ainda não aterraram sobre as cabeças disfarçadas, tem gente batucando suor e cerveja pelas ruas de nossa cidade sul. Na cidade norte, há ondas de sete metros tentando acertar no terceiro olho dos rapazinhos disfarçados de cowboys.
O mestre ainda não veio decretar o começo da abstenção e, olha, a luz ainda está conosco. Sim, o mundo está absurdamente esquisito. Já ninguém confia nas imposições dos prefeitos, a esta hora na terra é um tanto carnaval, um tanto conspiração, um tanto medo. Metade fé, metade folia, metade desespero. E, provavelmente, a esta hora, uma metade do mundo está vencendo e a outra metade dormindo, há ainda outra metade limpando as armas, outra limpando o pó das flores. Mas, por causa do que me ensinou o místico, eu acredito que exista, agora, alguém profundamente acordado. Alguém que esteja vivendo entre o intervalo tênue entre o sonho e a agilidade. Suponho que ele saiba perfeitamente que este começo de século será nosso batismo do voô para nossa persistência no amor.João molhou a testa de Manuel. Os gritos das ruas molham as testas de nossos corações.
De que lado você está, eu não me importo! De que garfo você come, de que copo você bebe, que posto certo você escolhe, qual é seu orixá, seu partido, sua altura, de qual de suas cicatrizes cuida, que pássaro você prefere, quem é seu pai, qual é seu samba, Pinot noir ou Chardonay, que protetor você usa, qual é sua pele, seu perfume, qual político, quantos amores você sonha, em que Fernando, em que Ofélia, em que cinema, em que bandeira, em que cabelo você mora, qual dos túneis de Copacabana. Rezo para seus santos quando atravessar.
É… é impossível viver no país de Deus. Isso eu te dou de barato. Mas, atravessar o gramado de Deus em bicicleta, isso não é impossível, não.
Escuta, isso é sério!
Andamos crescendo juntos, distraidamente. As árvores crescem conosco.
Nossa pele se estende, nosso entendimento, teso, também. O século cresce conosco. O amor pelas ventas da cara do mundo, também.
Quanto a um pra um entre nós dois, isso logo se vê. Não sei nada sobre a paixão, suspeito que você também não. Mas, começo a entender que o compasso da fé está mudando a passos largos. Dois pra lá e dois pra cá.
Portanto, escute.
Isto é muito serio!
Isto é uma proposta aos trinta anos.
Agora que o mercúrio assumiu sua posição certa, vem comigo achar o meu trono mágico entre a folhagem. E, no caminho até lá, vem dançar comigo, vem!