
O baterista Abe Laboriel Jr. se tornou um dos trunfos da banda de sir Paul McCartney; dono de um dos sets mais aplaudidos do espetáculo que o estádio do Morumbi viu nos dias 21 e 22, em São Paulo. Abe deu uma aula de técnica e foi uma presença marcante nos shows de Paul, cativando a platéia.
Algumas horas antes de estrear no Estádio do River Plate, em Porto Alegre, na quinta-feira, dia 18 de novembro, Abe Laboriel falou por telefone com a reportagem do Estado de São Paulo. "Um gentleman, rasgou o verbo para a plateia gaúcha e contou como é a sua relação com o homem do qual, em tese, ocupa o mesmo lugar: Ringo Starr. Vindo de uma família mexicana de músicos, o baterista é americano formado na tradicional escola de Berklee."
Abe Laboriel Jr. , de 39 anos, é filho do virtuose do contrabaixo Abraham Laboriel e irmão de Mateo Laboriel (produtor e compositor ligado ao cinema). Foi aluno de Jeff Porcaro, Bill Maxwell, Chester Thompson e Alex Acuña.
Abe também tem sido um dos mais requisitados bateristas do show biz, tendo tocado com o leque inteiro da música, desde os Hanson e Lady Gaga até Steve Vai e Sting. Há alguns anos, ele acompanhava a cantora k.d. lang, que abria shows para Sting. O baterista do ex-Police era Manu Katche. “Um grande músico, mas que parecia estar meio desinteressado, sem paixão. A gente nunca sabe o que se passa com uma pessoa no plano pessoal. Aí, quando ele deixou o grupo, Sting, que já conhecia meu trabalho, me convidou”.
Você sabe, Ringo Starr tem uma imensa reputação de ser um baterista medíocre. O que você pensa disso?
Minha opinião é que as pessoas que dizem isso são ignorantes. Ringo é um dos mais prolíficos bateristas da História. Sua abordagem da bateria foi importante para o desenvolvimento de instrumentistas como John Bonham (Led Zeppelin) e Stuart Copeland (Police). Muitos discordam dessa afirmação, porque a técnica é apenas um dos aspectos da arte de tocar bateria. A técnica é 10% de tudo, os outros 90% são musicalidade, coisa que Ringo domina maravilhosamente bem. É um estilo verdadeiramente fantástico.
Você já o conheceu?
Sim. No início, ele veio a alguns shows nossos. É um sujeito admirável, gentil, e me apoiou muito. Depois, tocamos juntos em alguns shows beneficentes, e estivemos juntos naquele evento organizado pelo David Lynch no Radio City Music Hall.
Não tenho palavras para descrever a emoção que tive, o tanto que me impressionou notar que ele ouvia ao mesmo tempo que tocava. Ele sacou que eu toco diferente dele, e não fez com que eu o acompanhasse, ele se juntou a mim, sorrindo. É um cavalheiro de verdade, e demonstrou camaradagem legítima.
Quando você se deu conta pela primeira vez de que estava ali ocupando o lugar que um dia foi de Ringo Starr, como reagiu?
É interessante. Eu cresci ouvindo Beatles, lembro que dois dos meus primeiros álbuns foram Sgt. Pepper’s e White Album. Mas, depois, ouvi também muito Band on the Run e Wings, e todo o trabalho solo de Paul. Era isso que mais me vinha à cabeça. Não conectei com Beatles imediatamente, mas com o trabalho solo de Paul.
Para mim, nunca foi como “Oh, my God, estou nos Beatles!”. Nada disso: é como se fosse tocar com um velho amigo. Porque é isso que Paul é, um querido amigo. Quando estou a bordo dessa banda, não sinto essa reverência à coisa clássica. Toco para a plateia, que é diferente daquela que estava na frente dos Beatles naquele tempo. Tenho diferentes gêneros como minhas influências, e essa audiência também tem. Você não pode tocar hoje em dia frente a um estádio lotado, 75 mil, 45 mil pessoas, como se fosse nos anos 1960. Não. É o mesmo espírito, mas com o fogo que John Bonham ensinou. Não posso tocar suavemente. Sou assim: grande e bombástico.
Abe, quais são suas canções preferidas dos Beatles?
Tem muitas. Por exemplo: eu adoro tocar a música Magical Mistery Tour, porque é uma celebração. Adoro também tocar Helter Skelter, porque sempre me impressiona, e é uma pedra de toque. Helter Skelter é a primeira música de heavy metal jamais tocada.
Como é ter Paul McCartney como patrão?
É exigente, mas também amigável e cordato. Quando estamos gravando, no estúdio, é sempre admirável ver como suas ideias são férteis e generosas musicalmente. E não é exclusivista: logo após gravarmos um álbum, tive o convite do Sting e fiquei três meses excursionando com ele. Só exige dedicação.
Seu pai, o baixista Abe Laboriel Sr, foi um mito da música. Qual foi a principal influência que você recebeu dele?
Confiança. Ele me ensinou que é preciso sustentar aquilo que você é, não fingir que é algo que não é. Autocontrole, autoconfiança, amor, apoio.
Esta é sua primeira turnê pela América do Sul?
Sim, é minha primeira vez. Estou muito feliz, encontrei aqui muita gente legal. Em Porto Alegre foi inacreditável, a emoção, a vibração do público. Uma plateia incrivelmente animada. É sem dúvida um recanto muito especial do planeta.
Por Jotabê Medeiros
Amigo Olinto, bem legal esta postagem. Saudades de Parauapebas, transmita um abraço pro pessoal aí. Quando der faça uma visita em meu blog: http://ideiasemarteeducacao.blogspot.com e participe. Grande abraço!
ResponderExcluirAlô caro amigo! Que saudade de sua presença aqui! Transmitirei seu abraço a nossos amigos e estamos esperando breve retorno. Grato pela visita e estarei lá em seu blog, agorinha. Abraço!
ResponderExcluirCara, em Porto Alegre o show foi no Gigantinho, estádio do Internacional. River Plate é um time de Buenos Aires.
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