Durma, coração cansado
Descanse, desacelere
Não!
coração trabalha
o tempo todo.
Por isso estou cansado
Por isso acordo e me arrasto
Por isso esse cansaço
Que me domina
Que me consome
Que me faz acordado
Escutando as correntes
Que metalizam
Meu pensamento
Que me giram em torno
De mim mesmo,
Que não sei o que procuro
Durma ou me deixe dormir
Trégua é o que preciso
Para não ouvir
O som da minha voz
O som do meu silêncio
E os passos apressados
Dos viventes suados.
Vejo cenas
Nas paredes do meu quarto
e o mundo se desliga
Meus olhos teimam
Em ficar abertos
E apesar de exausto
O sono não aparece
E o mundo dorme e eu escuto
Risadas que apaguei
Resposta falsas
Perguntas que fiz
e não serão respondidas.
Não dormir
É uma lenta
Pena de morte.
(Olinto Vieira)