Todos dizem “vida que segue”
e o suor escorre nos rostos cansados e sérios.
Movimentos frenéticos de bicicletas e esteiras de academia;
Cansaço extremo sem sair do lugar.
Tudo conectado ao “vida que segue” como o filme de nossas vidas,
feito pelos donos sem face das redes sociais.
E tudo isso com o recado subliminar:
“ Eu sei o que você fez no segundo passado”
A vida segue sem ir a nenhum lugar,
pois não vivemos as nossas vidas.
Falamos dos homens poderosos e inacessíveis
com incrível intimidade, chamando pelo primeiro nome.
E da mesma forma falávamos há dez anos
com os outrora poderosos inacessíveis
que hoje já são anônimos.
O capitalismo é atraso, socialismo à vista.
O Socialismo é atraso, capitalismo é o novo.
Trocamos Marx por Mark;
Encampamos a ditadura do pre letrariado.
Não se acredita mais nem em Adão e Eva, quanto mais Adam Smith;
mas o fruto que a serpente ofereceu tem grife;
com mordidinha e tudo.
Apple não é mais o pseudofruto pomáceo da macieira.
Galaxy não é mais um sistema estelar isolado no espaço cósmico.
Somos buchas de canhão e se não há nada de novo na guerra,
vamos ficar zapeando no front.
Se nao há mais manchetes do dia, eu mesmo faço a minha:
“Fulano de tal está se sentindo entediado na linha de frente da guerra”
Na correria em círculo vicioso, tudo é noticia em tempo real.
E todas elas mudam;
fazem famosos a cada 15 segundos, na vanguarda da profecia de Andy Warhol.
O namorado sem nome da apresentadora frequenta o imaginário popular e atualiza o Genival:
"Ele está de olho é na butique dela."
A volta dos que não foram é o filme do momento.
A coluna social virou policial, o que não é novidade.
Ambas não vendem jornal pois não existe jornal.
E o que interessa não é o que interessa.
Laudas e laudas são escritas e em seguida apagadas;
Afinal, a memória importante é do aparelho e não a minha.
E no toca fitas do meu carro, procuro no “dial” do meu dente azul
alguma música que preste.
Um refrão ecoa, irritante e ininterrupto :
“O nome dele é Zuckerberg
Encontrei ele no face
O nome dele é Zuckerberg
Encontrei ele no face”
( Olinto Campos Vieira)
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