Quanto mais o tempo passa, as coisas
vão seguindo o seu curso normal, dia após dia. E mesmo assim, os dias sendo
diferentemente iguais, temos surpresas; umas boas, umas nem tanto. Convivemos
desde cedo com as marcas vermelhas das bordoadas da vida. A maioria de nós, em
seus momentos de maior desespero, como se estivéssemos presos no tronco, qual
escravos, sem gemidos, cansados e resignados até com o peso do chicote e seus
duros golpes. Anestesia. Em momentos de maior desespero, brasileiro se iguala a
suíço, cada qual com sua dor particular que só cada um sabe a intensidade. Peso
igual é o da alegria, do sentimento de felicidade por algo tão desejado, que é
solenemente ignorado pela maioria dos viventes. Aquela vontade de abraçar o
mundo permanece, mas o mundo nem se move com nossa alegria. Natural; cada um com seu cada qual. E o rio
vai passando, todos os dias, no mesmo caminho, alguns calmos, outros mais
corridos; alguns dias fazem sol, outros a chuva balança os galhos da árvore e
enquanto isso, em uma janela, lágrimas caem e sorrisos se iluminam. Por muitas
vezes, as tristezas e as alegrias são no mesmo momento na vida de pessoas
diferentes. Um raio cai sim, no mesmo lugar duas, três vezes seguidas. Só nós
sabemos disso; não existe famoso ou endinheirado, anônimo ou pobretão que não
seja necessitado e carente. Vivemos em um mundo de pedintes; todos pedimos,
seja para quem for, seja o que for, demonstramos sem pudor nossa condição
humana em algum momento na vida.
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