Todo dia era dia de preto.
Todo dia era dia de preto.
Oxóssi, Oxóssi!
Oxóssi, Oxóssi!
Todo dia era dia de preto
Todo dia era dia de preto.
Oxóssi, Oxóssi!
Oxóssi, Oxóssi
Depois que alguns homens aqui chegaram,
E dominaram as terras brasileiras,
Voltaram a Africa e capturaram outros homens.
Homens pretos, laçados como animais.
Homens pretos, centenas, milhares, milhões.
E quando digo homem, digo homem, menino e mulher.
E quando digo homem, homem escravo, menino escravo e escrava mulher.
Para fazer aquilo que o homem branco queria.
Para fazer aquilo que o homem branco não fazia.
Dois milhões de pretos,
Escravos tristes
da África para Terra Brasilis.
Para cá vieram , dentro de grandes navios.
E lá pretos morriam, pretos nasciam.
Eu também morria no navio eu também nascia.
E eu dizia:
Oxóssi, Oxóssi!
Oxóssi, Oxóssi
O preto chorava:
Oxóssi, Oxóssi!
Oxóssi, Oxóssi
E naquele tempo, todo dia era dia de preto.
Todo dia era dia de preto.
E agora deram a eles
O dia vinte de Novembro.
Mas agora me deram de pechincha o dia vinte de Novembro.
Amantes da natureza, do trabalho e da liberdade
Eram homens de paz mesmo sendo escravos comercializados.
Sempre souberam de sua consciência.
De amar a familia, o trabalho, a floresta e Oxossi.
De amar a familia, o trabalho, a floresta e Oxossi.
E em sua história ,
o preto
É exemplo puro e perfeito.
Próximo da harmonia
Da fraternidade e da alegria
Da alegria de viver!
Da alegria de viver!
E no entanto, hoje
O seu canto triste;
É o lamento de uma raça que nunca foi muito feliz
Pois antigamente e hoje
Todo dia era dia de preto
Todo dia era dia de preto
Só por causa do preto
A riqueza acontecia
Pois o seu trabalho era duro, suado e silencioso.
E ainda hoje muito preto continua escravo.
E também muito branco que o escravizava é escravo de branco e escravo do preto.
Muito preto escraviza preto.
Mas quem ensinou o que é escravidão?
Quem ensinou, o que é escravidão?
Eles multiplicaram e criaram a raça da Terra Brasilis.
De dois milhões , fizeram duzentos milhões.
De dois milhões , fizeram duzentos milhões.
E agora deram a eles um dia no calendário, para ficarem felizes, cantarem e sambarem.
E fazerem palestras, oficinas e seminários, lembrando do dia em tinham todos os dias do ano.
Pois todo dia era dia de preto.
Todo dia ainda é dia de preto.
O navio que vinha, para a África não voltava.
Trazia preto amarrado, preso e amordaçado,
era vendido em praça pública, para todo mundo ver.
Oxóssi, Oxóssi!
Oxóssi, Oxóssi
Eles olhavam os dentes dos pretos amarrados.
Eles compravam o corpo do preto amarrado.
Mas eles não compravam a sua consciência.
E a consciência do preto era todo dia.
A consciência do preto , do branco e do amarelo é todo dia.
Eu falo do preto porque é sua história que está sendo contada.
Em um só dia!
Em um só dia!
A lei é de um dia!
Dia vinte de Novembro.
Eles estão por aí,
Nos barracos escuros, cadeias e favelas ou como empregados nos filmes e nas novelas.
Não adianta querer sair da realidade. O preto era ouro, o preto era escravo. O preto brasileiro, é essa a sua raiz.
Eu também sou preto, meu dia era todo dia.
Eu também sou preto, meu dia é todo dia.
Os navios negreiros são trens e ônibus lotados. Milhões de pretos em todas cidades.
O pardo é preto.
O moreno é preto.
O escurinho é preto.
Até o branco é preto.
Todo dia, era dia de preto
Todo dia, ainda é dia de preto.
Oxóssi, Oxossi!
Oxóssi, Oxóssi!
Todo dia ainda é dia de preto.
( Olinto Vieira, 20 de Novembro de 2018)
Inspirado na letra "TODO dia era dia de Índio,ver Jorge Benjor)
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