Cada vez mais carente de autenticidade, o mundo limitou-se a exigir perguntas objetivas para respostas fáceis.
Ha pouco tempo as orelhas de livros eram o refúgio da intelectualidade de congressos e seminários.
Hoje, os novos profetas sucumbiram ao brilho das telas, que cada vez mais alimentam a superficialidade das redes sociais em reclusão.
Eles estão por aí, em todos os âmbitos, repelindo ferozmente o glúten cerebral para cultivar a silhueta esguia, ensinando a manter um corpo são, a todo custo.
Mas não adianta um corpo atlético passar a vida carregando uma alma desnutrida e uma consciência míope.
Há vigilantes na espreita, ocupados com a verdade material, visualizando apenas a ponta do iceberg. Estão com a cabeça pouco acima da superfície, o suficiente para respirar.
Enquanto isso, a verdade real se espreme debaixo dos tapetes, sabendo que é muito maior do que o esconderijo que a colocaram.
Se as lentes de contato obstruem a visão do que precisa ser visto, o olho que não se deixa aprisionar, a tudo vê; de tão silencioso e preciso, mesmo quem sabe que ele não falha, pode se perder com sua quietude.
Há uma lógica que nao passa pelo racional dos que sofrem com a predominância aparente do obscuro.
A impaciência ansiosa dos que sofrem, não os deixa ver que há algo cristalino em axiomas.
"Tudo passa", "Nada acontece por acaso", "É questão de tempo".
É isso mesmo. O óbvio não é desinteligente como parece. Longe disso.
Mas há um bloqueio inconsciente da simplicidade.
O modo mais fácil apoderou-se de coraçoes e mentes.
Se há facilidade de comunicaçao, mandamos sinais de fumaça.
Se tudo pode ser mais facil, escrevemos cartas expondo a caligrafia torta.
Havendo mais facilidade, enviamos telegramas de minimas palavras .
E como tudo se " aprimora", mandamos e-mails curtos, pois objetividade é o que interessa.
Com mais rapidez, encaminhamos mensagens de texto.
E para não haver exposiçao da escrita, realçando ainda mais a predominância da aparência, gravamos áudios que sobrevivem poucos minutos.
Porém, há ainda esperança de que as correntes dos rótulos que oprimem, se rompam de vez, dando lugar a um estado natural de compreensão, sem amarras.
Será quando o observador ampliará seu leque, celebrando a vitória da essência sobre o momentâneo.
E nao será necessário adivinhar sobre qual assunto estará sendo falado pois tudo será transparente e todos estaremos nus.
Olinto Campos Vieira, 02 de Novembro de 2018.
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