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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

“- A casa é sua, bom amigo!”


crônica publicada no carajas o jornal

Algumas pessoas já me falaram que a imagem que passo para muita gente é de uma pessoa fechada, com semblante zangado e triste. Acho isso muito engraçado, pois na realidade vivo brincando e sorrindo com todas as pessoas de minha convivência. Entretanto, não estou mesmo interessado em passar imagem para ninguém, gosto mesmo é de ser eu mesmo, de conviver com as pessoas, ser amigo, compartilhar momentos, sejam de alegrias ou mesmo de tristezas. A vida só vale a pena ser vivida se for com leveza, com alegria e satisfação. Nasci em uma família que se caracteriza pelo bom humor marcante de alguns integrantes folclóricos e posso até mesmo dizer “históricos” lá das bandas de Minas Gerais.

Meu pai é um típico personagem de Guimarães Rosa; é um cara tirado de um livro, podem ter certeza! Tem tantas histórias engraçadas vividas por ele que dariam alguns livros e um dia contarei aqui neste espaço. Algumas eu conto para os amigos mais chegados e eles rolam de rir. Sei que todas as famílias tem seus dramas peculiares, seus traumas particulares, suas perdas. Cresci em uma família que, apesar de todos os revezes, conseguimos manter o bom humor e a união entre todos. Hoje em dia é voz corrente dizer que é difícil encontrar um amigo de verdade, que é raro se ter a liberdade e a confiança de alguém para ouvir um desabafo, sem querer nada em troca.

Quantas vezes ouço alguém dizer que amigos são contados nos dedos, como se isso fosse alguma vantagem. Eu posso dizer que tenho a primazia de ter bons amigos, dezenas deles, pelo menos; e até hoje só permaneço aqui no Pará não é por outra coisa senão por eles. Trabalho a gente arruma em qualquer lugar, agora gente boa, da melhor qualidade, que celebra as nossas conquistas com alegria de verdade e chora com a gente nos momentos difíceis , é junto de gente dessa qualidade que preciso e quero viver.

Meus filhos são ainda crianças mas eles vem crescendo aprendendo a valorizar e respeitar a todos, dentro dessa filosofia de vida. Aliás, é mais fácil viver assim do que de mal com a vida, desconfiando de tudo e de todos, juntando dinheiro à custa de inimizades e patifaria. Não vale a pena. Outro dia passei na praça em frente à Câmara Municipal e vi um pessoal vendendo umas mesas enormes de madeira maciça. “–ÔPA! É de uma dessas que preciso, a minha ta ficando pequena!” Difícil é o dia em que não há um amigo almoçando comigo, dividindo essa grande mesa.

É uma alegria sem tamanho poder compartilhar meu dia a dia com pessoas honestas, simples e de bom coração. Na minha casa ninguém me chama de doutor e isso me deixa muito feliz.

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