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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Dia do Advogado

Dia 11 de Agosto foi o dia do advogado. Tenho grande respeito por esta profissão, acho de uma nobreza sem tamanho. Advogados são defensores por natureza e sem eles, as injustiças, que hoje são tantas, seriam ainda maiores, acreditem. Existem pessoas sérias trabalhando nesta profissão, sofrendo as maledicências, os falatórios insensatos por conta de atos praticados por um ou outro mal profissional que mente, prevarica e mancha a profissão. Quando fazia o terceiro ano de advocacia, em Minas, fui aceito no escritório de um grande profissional, criminalista de primeira linha, defensor de pessoas do povo, daqueles que não tinham a quem recorrer, por falta de dinheiro. Ele era um defensor público por opção.

A minha primeira inspiração na profissão foi este grande advogado de Minas Gerais, Dr. Wander Lister. Escolhia a dedo as causas particulares de pessoas ricas, mas seu escritório era aberto aos pobres e desvalidos que o procurava em grande número. Era um especialista em Tribunal do Júri, onde repousa a nobreza desta profissão pois lida-se com algo grandioso que é a Liberdade. O risco de acontecer uma injustiça através de uma atuação desidiosa foi algo que sempre me deixou inquieto e me fez estudar de forma detalhada e desgastante cada nuance, cada possibilidade.

Aliás, o envolvimento nos processos criminais me fez sair desta área, pois eu não consegui ter a distância necessária para me envolver em de forma prudente; eu acabava me desgastando até mesmo fisicamente, comprometendo a minha saúde. Cheguei aqui em 1999 e o primeiro processo em que atuei foi a defesa de um jovem residente de Parauapebas que estava sendo acusado de homicídio em Santana do Araguaia.

Tive poucos dias para estudar o processo mas liguei algumas vezes para o Mestre ( que faleceu poucos meses depois). Ele me disse que eu somente poderia defender meu cliente se acreditasse em sua inocência, caso contrário, eu não seria um advogado e sim um mercador, um vendilhão. Visitei meu cliente na cadeia e ele jurou inocência.

O júri aconteceu em clima de grande tensão, e eu já estava completamente envolvido pelos detalhes do processo, sentindo uma responsabilidade enorme sobre mim, sobre minhas palavras e atitudes. Foi ali que senti o peso desta profissão.

Após o Juri, lá pelas 2 horas da manhã, um dos policiais que fazia a escolta me cumprimentou de forma emocionada e me disse: Doutor, um dia vou fazer Direito ! Respondi que era uma nobre escolha. Poucos meses após o Juri, encontrei com o meu cliente, já liberto, andando na rua 14; quando ele me viu, correu e me abraçou, dizendo: Nunca me esqueço da confiança que teve em mim, meu amigo! Para mim, foi a recompensa que tive.

Segundo um grande profissional do Direito, Leon Frejda, “o advogado exerce verdadeiro sacerdócio. Necessita da mais ampla e irrestrita liberdade e independência, para operar seu ministério.” Tudo isso são palavras, sei disso. Tudo isso é o ideal, sei também. Algum dia, porém, esta profissão terá o reconhecimento que merece!

Um comentário:

Sanderson Silva de Moura disse...

Caro Olinto:


Gostei muito de seu texto em homenagem aos advogados.

Parabéns pela vitótia conseguida no júri que você narrou.

Tenho certeza que perdemos um valioso criminalista, quando você resolveu se distanciar da área.

Mas você continua advogado, e pelo que sei dos bons.

Abraços


De seu amigo acreano


Sanderson Moura