Jokerman

Você não entenderia minha piada. Pensa que apenas rio, e rio sem sentido,  como o mar, que parece não ter fim.

• Não faço rir, sou um desajuste, um fruto verde que não vingou, um novelo embaralhado.
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• Você entende que eu sou a piada e ri do meu riso nervoso, do meu rosto trêmulo. Não me dá atencão, continua com as suas conversas no celular.
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• "Danço para a melodia do rouxinol
• Pássaro, voe alto ao luar"
• Depois volte e traga para dentro de mim a paz que nunca encontrei.
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• Sabe, eu descubro segredos, eu escondo meus medos, eu tenho uma máscara que me protege nos dias frios e nos dias quentes. Nos dias mornos eu morro.
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• Você nunca entenderia mesmo minha piada e o pior é que eu dependo do seu riso. Dependo da sua admiração,  dependo da sua atenção, pois a linha que te separa do riso é o tempo que não presta atenção em mim.
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• Eu sou um triste palhaço querendo avidamente agradar seu momento, mas não olhe apenas para minha fantasia. Leia meus pensamentos, decifre minha alma.
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• Só quero o remédio que controle esse meu riso torto e nervoso quando preciso estar solto e tranquilo. As cores me confundem, os olhos não me entendem, eles riem de mim. As luzes piscam demais.
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• Mas se é isso que eu quero, eu quero o quê? Que chorem de mim? Eu sou o comediante sem graça e trabalho duro. A plateia de homens sãos nem querem saber quanto eu ganho. Os pensamentos me saem e eu os vejo rindo da minha insanidade.
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• Durante o dia  não me fantasio, não preciso. A natureza de desconhecido se instalou sobre mim e eu espero a noite para me esconder mais uma vez. Durante o dia o invejoso procura saber do patrão do mal,  quanto eu recebo.
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• A noite é passageira, a vida é tão longa. Se eu soubesse o que não sei, seria melhor. O amor é desconhecido, a verdade me ronda, eu fujo mas ela me encontra. Preciso do meu esconderijo. 
• Não!
• Você não entenderia minha piada.
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• (Olinto Campos Vieira)