Joaquim Barbosa, ministro do Supremo é uma figura controvertida e polêmica.Virou atração do Youtube ao acusar o colega Gilmar Mendes de ser adepto do “jeitinho”. Depois, indispôs-se com Marco Aurélio Mello, que chegou a negar-lhe um aperto de mão. Trava com Eros Grau uma relação que tem mais baixos do que altos. Passaram um bom tempo sem trocar palavra.
Reconciliados graças à intermediação do boa-praça Carlos Ayres Britto, voltaram às turras.
Deve-se a nova contenda à decisão de Eros Grau de mandar soltar Humberto Brás, o preposto de Daniel Dantas na tentativa de compra de um delegado. Vai abaixo um resumo da nova encrenca, na pena do repórter Felipe Seligman, da Folha (só assinantes):
“Uma divergência jurídica entre os ministros do Supremo Eros Grau e Joaquim Barbosa se transformou, durante a semana, num bate-boca histórico do tribunal, conforme informou ontem Mônica Bergamo, colunista da Folha. O estopim foi o habeas corpus concedido por Eros a Humberto Braz, apontado pela Polícia Federal como o enviado de Daniel Dantas em tentativa de suborno para livrar o banqueiro e a família dele de investigação.
O desentendimento tem início na diferente visão jurídica de cada um. Em matéria penal, Barbosa levou do Ministério Público para o STF uma conduta considerada mais punitiva.
Já Eros tende a defender a liberdade e a inocência até condenação em última instância.
Tal ponto de vista de Barbosa o fez discordar radicalmente da decisão do colega, ao ponto de abordá-lo após sessão do TSE, segundo o site Consultor Jurídico, com a seguinte questão:
‘Como é que você solta um cidadão que apareceu no Jornal Nacional oferecendo suborno?’.
Teria então chamado Eros de “velho caquético” e dito que ele “tem a cara-de-pau de querer entrar na Academia Brasileira de Letras”, referindo-se a romances do colega.
No dia seguinte, a briga continuou, no Supremo.
No intervalo do plenário, Eros e os colegas Carlos Ayres Britto, Carlos Alberto Direito e Cezar Peluso faziam o tradicional lanche da tarde, acompanhados do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, de assessores e seguranças, quando Barbosa entrou na sala.
‘Não gostei do que você escreveu [na decisão]‘, disse para Eros, elevando o tom de voz. ‘O senhor é burro, não sabe nada. Deveria voltar aos bancos e estudar mais.’
‘Isso penso eu e digo porque tenho coragem. Mas os outros ministros também pensam assim, mas não têm coragem de falar. E também é assim que pensa a imprensa’, continuou Barbosa com o dedo em riste.
Eros pouco falou: ‘O senhor deveria pensar bem no que está falando’. Os demais ministros ficaram em silêncio.
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