Parauapebas é uma cidade que tem apenas 20 anos e a maioria da população veio de outras cidades, outros estados, formando uma miscelânea de costumes que tem a cara do Brasil. Aqui toma-se chimarrão com a mesma naturalidade com que se bebe açaí. Estamos em plena Amazônia, de florestas, rios, igarapés e peixes, mas aqui aprecia-se também um belo churrasco ou o tipicamente nordestino “baião de dois”.
Quando eu era menino, só convivia com mineiros. Só conhecia um sotaque e um jeito de viver: o de Minas Gerais. Os meninos de 10 anos de idade, nascidos em Parauapebas convivem com pessoas dos quatro cantos desse País. Os amazonenses e os gaúchos, aqui, não falam a mesma linguagem mas se entendem perfeitamente bem. Os maranhenses e mineiros, bebem da mesma água. Goianos e Tocantinenses então, nem se fala. Cariocas, paulistas, piauienses e amapaenses são figurinhas fáceis aqui. O nome disso é riqueza cultural e muita gente nem se dá conta.
Parece que Parauapebas é uma cidade onde o Brasil marcou um ponto de encontro. Tudo isso só é possível porque nós, brasileiros, somos um povo unido nas diferenças. Podemos ser diferentes nas preferências gastronômicas, musicais ou culturais mas trazemos dentro de nós toda uma bagagem familiar que fazemos questão de conservar e passar para os nossos filhos. Nos igualamos na fé e na esperança.
Já repararam quando alguma pessoa ganha casa própria ou carro, nesses programas de televisão? O telespectador vibra, torce, apoia. Até mesmo nos “reality-shows” da vida (Big Brother e etc), os vencedores são, em sua maioria, pessoas carentes financeiramente. A simplicidade aproxima as pessoas. A grande massa, o “povão”, é unido no sofrimento, na luta pela sobrevivência e se reconhece nos anseios e nas dificuldades.
Em uma cidade que está apenas começando, fica mais fácil as grandes diferenças serem diminuídas em prol de benefícios comuns. Algumas pessoas tem como meta de vida a construção de fortuna financeira a qualquer custo, mas o bom brasileiro trabalha e vive não para se entupir de dinheiro, mas para estar perto da família e lhe trazer algum conforto. Tem pessoas que são felizes somente por ter como conseguir o pão de cada dia.
Isso não quer dizer que devemos nos esquecer de uma boa escola, assistência médica de qualidade, etc. Claro que não. Mas as prioridades de uma pessoa demonstra o seu próprio caráter e do que ela é capaz.
Nos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, a identidade cultural das cidades está se perdendo e as pessoas vivem sonhando com o dia em que elas poderão se mudar para um lugar onde o ser humano é valorizado. Nós moramos em uma cidade onde ainda poderemos fazer dela o que quisermos e por isso, somos privilegiados. Parauapebas pode ser comparada com uma pessoa em formação de caráter.
Não podemos apenas ficar conhecidos como uma cidade rica, a “Capital do Minério”. Temos que começar a construir vínculos diferentes, mais positivos, com nossa cidade, semelhantes àqueles que as nossas crianças fazem. Os meninos e meninas de Parauapebas não querem saber se aqui é a “Meca do Minério de Ferro”. Eles estão conhecendo a vida agora, fazendo amigos, criando fortes valores e fortalecendo os laços com esse lugar. As crianças de Parauapebas não vieram para cá procurando um melhor meio de vida, ou procurando emprego. Elas nasceram aqui e são os verdadeiros pioneiros e donos desse lugar.
2 comentários:
Querido Olinto, quiçá todos os lugares fossem assim. Uma meca cultural. Morei em Paraupebas 9 anos. Nunca me senti discriminado. Estou há 7 em Goiás. Conheci a xenofobia.
Parauapebas é sim a pérola do sul do Pará, e fica no pé da serra dos Carajás, mas é tanbem a mina de ouro dos políticos que dela tomam conta, eles se assemelham aos jacarés da gigantesca Amazônia, ficam de boca aberta no pé da serra esperando a fotuna cair.Enquanto Belém ten um FPM percápto de R$ 183.00 Parauapebas tem R$ 250,00 sem contar com os roialtis do minério que o elevaria para R$ 1500,00 + ou -, eu espero que os maninos de Parauapebas tenham ciência disso e quando tiverem grandes melhorem ao menos o transporte público municipal que hoje está perdendo para Marabá e Castanhal, salve Parauapebas.
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