Pesquisa custeada pelo Banco da Amazônia (Basa) e realizada pela Fundação Rio Madeira, da Universidade Federal de Rondônia (Unir), constatou que duas plantas usadas como chá pela população amazônica para tratamento da malária, possuem realmente substâncias potencialmente bioativas registradas na literatura científica com propriedades contra a doença parasitária que infecta aproximadamente 500 milhões de pessoas em 91 países nas regiões tropicais e subtropicais.
O trabalho, iniciado em agosto de 2000, sob coordenação do pesquisador Valdir Facundo, debruçou-se sobre as espécies popularmente conhecidas como "mamica de porca" (Zantthoxylum ekmanil), "João brandinho" (Piper aleyreanum) e "picão" (Birdens bipinnatus), selecionadas depois de um levantamento nos municípios de Porto Velho, Colorado do Oeste e Pimenta Bueno, junto a comunidades que utilizam plantas medicinais para combate à malária.
A análise fitoquímica identificou na raiz da "mamica de porca" cinco substâncias (dois alcalóides, uma lignina e dois terpenos) que, segundo os anais científicos, têm ações sedativa, hipotérmica, anticonvulsiva, dermatológica, vaso-relaxante, antileishmaniose, antiinflamatória, diurética, antifungo e anti-bacterial. Nas folhas da "João brandinho", foram isolados dois flavonóides (com propriedade antiinflamatória e antioxidante), além de ácido caféico, enquanto o estudo do óleo
essencial da planta revelou alta concentração de compostos utilizados nas indústrias química e farmacêutica como matéria-prima para a síntese de medicamentos. Graças aos resultados dessa pesquisa da Unir apoiada pelo Basa, as duas espécies amazônicas já podem constar da literatura científica mundial relacionada com atividade antimalária. Quanto à espécie Birdens bipinnatus, o estudo fitoquímico da parte aérea da planta, também usada como chá, ainda está em andamento.
NOVAS ALTERNATIVAS Apesar do grande avanço nos programas de vacinação e no uso de inseticidas, a quimioterapia tradicional através da cloroquina ainda é o principal meio para o controle da malária. Porém, as medidas contra a moléstia são dificultadas pela resistência do parasita causador da enfermidade à cloroquina e outros antimaláricos conhecidos, o que tem levado pesquisadores de vários países a tentarem o desenvolvimento de novos compostos alternativos.
E para isso, como frisa o pesquisador Valdir Facundo, a importância da Amazônia é muito grande, "dada a riqueza do conhecimento popular sobre o uso de plantas na terapia alternativa". Daí o foco da pesquisa da Unir dirigida para a identificação de novos compostos de origem vegetal, a partir de informações populares, que possam ser eficazes no combate à terrível endemia.
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